Sunday, December 6, 2009




CONTOS DE RATAZANA
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ACTRIZ DE PORNO…



Aveirense aparece, trazendo debaixo do braço um anúncio de jornal com imagem que garante ser uma bela oportunidade de se inscrever para fazer um filme porno… uma oportunidade que ela diz ganhar uma pipa de massa.

Aveirense está constantemente a arranjar programas de qualquer jeito e feitio para açambarcar uma pipa de massa… e todos eles se parecem com este anúncio que ela agora apresenta à colega.

A imagem parece-se com um zoo, nem mais nem menos, mas ela guarda-o rigorosamente na carteira, enquanto conversa sobre o empresário que lhe telefonou há uns dias atrás.

«Estávamos a fazer um take num estúdio, pá, e eu fui apanhada à má fé… se não te contasse tu nem acreditavas. Comecei a descascar-me detrás de um biombo, mesmo ali com o panca do empresário a pedir-me que derramasse um garrafão de cinco litros de leite pelo meu corpo todo! Porra, tu nem sabes como é que eu fiquei… passado pouquíssimo tempo ele tinha-me feito entrar um jeco (cão) todo latagão que se pôs a lamber-me por tudo quanto cheirava a leite...

E estávamos assim quando aquele estupor do empresário se havia de massacrar-me ao deixar entrar o bode!»

«Claro, para te comer? O que é que ele fez?», pergunta a colega.

«Aí é que foram elas, pá… nem te passa! E o jeco… nem se assustou com a presença do bode. Parou rapidamente de lamber-me, enquanto o bode o encabava por trás! Juro-te, pá, estou a dizer-te a verdade. Eu não queria estar para ali deitada a vê-los engatilhados e ao mesmo tempo ver o jeco a levar nele… fez-me impressão. Depois, quando o take terminou ele perguntou-me se eu ia ficar para o resto do take. Digo-te, pá, que aquele estupor é completamente varrido dos cornos.»

«Bom, e tu quanto ganhaste?»

«Ganhei uns cobres, não muitos! Que raio de porno era aquele? Minha Santa, se vais ser fodida por um actor porno, com certeza que queres que o gajo te foda bem e te console como se tivesses fodido com um regimento… dessa forma quem fez figura de parva fui eu, tás a ver a cena, pá… Talvez o estupor só me esteja a querer experimentar…»

Enquanto Aveirense desfia a história, chega o cliente. Uma rapidinha de linguado… acerta tudo com o cliente, um rústico. Visto que não regateou o preço, ela desperta-o para uma rapidinha de sonho. Vai com ele à porta do bar ver o carro que ele tem.

O rústico vem mais tarde buscá-la. Tem estado à sua espera. Um telefonema enviado dele informa-a que está a caminho e vai levá-la a um local não especificado.

São quase cinco e meia da madrugada quando Aveirense finalmente mete a chave à porta do seu pequeno apartamento.

Na banheira ouve na rádio local uma pequena notícia que quase a põe tesa na água. Marlene da Tatuagem no Cu, etc., etc., uma artista de programas de cama, transformou-se gaja-gajo!

A primeira vez que Aveirense a conheceu nos takes viu olhá-la de uma forma bizarra e na noite passada, depois de ter acabado a sua actuação (O jeco e o bode, sem dúvida), correra para o hospital e submetera-se a uma operação.
Como é que uma mulher-puta TROCA DE SEXO, Santo Meu? Interroga-se. Dias mais tarde, lá estava ele, nos botecos a espetar nas gajas…

É de rir e chorar por mais… não que Aveirense não acredite na estupidez e maluquice de Marlene, mas que foi apanhada de surpresa, isso é um facto. Vida Minha, diz ela, eu não deixaria que agora a gaja-gajo me espetasse, nem por todo o dinheiro do mundo…

Ela ainda não saíra da cama… cada hora que passa era um descanso divino.

Aveirense, acorda super mal-humorada do que quando se deitou, está com as rotações aceleradas, tão nervosa como uma barata tonta que atira com a chávena de café à parede e fez um montinho de partículas no chão.

Telefona à colega e pergunta-lhe, ao ouvir a sua voz, se ela quer ir tomar um café. Ela aceita e entram num estabelecimento da zona.

Aveirense nem sabe o que é que há-de dizer, mas não se abre sobre os acontecimentos da noite passada. Ri-se quando a colega lhe pergunta pelos seus cromos… faz-lhe lembrar um desses cabritos chatos e vagarosos que às vezes a procuram… aqueles que sacam das notas e fodem com elas. Aveirense, os seus risos continuam, está tão à-vontade como qualquer outra gaja, a divertir-se um pouco à custa do seu métier.

Tem-se metido em programas de mulheres que convive, conta ela, gozando os seus prazeres em simultâneo. Tira os olhos da chávena para olhar de relance para a colega.

Enquanto a conversa prossegue, a colega tenta extrair de Aveirense alguns comentários que a façam divertir, mas ela muda-lhe a antena. Tudo o que ela lhe diz é que saberá em pouco tempo…

De súbito o toque duma mensagem dá entrada. Aveirense agarra no telemóvel. Devido à luz do sol não consegue topar a leitura mas dá à colega para lhe ler o conteúdo.

«Este gajo», explica a colega enquanto Aveirense a escuta com toda a atenção, «foi em tempos um teu cliente e quer duas miúdas para uma borga com três gajos. Até paga bem. Cento e cinquenta euros a cada uma de nós…» Aveirense retira da saca uns trocos para pagar a conta e chama um táxi.

O táxi vira por um caminho transversal para uma espécie de ruela e aí desemboca num estreito. O taxista pára, encostado a um muro bastante alto. Quando elas saem não descortinam o mais leve sinal de pessoas à vista. Caminhando atrás de Aveirense, com as mãos dentro das calças de ganga, a colega depara com um velho portão de madeira embutido no muro. Seguem por um caminho em mau estado de conservação, que as leva a um edifício de pedra de dois andares e, quando entram, reparam que se encontram dentro de uma velha fábrica de enchidos. Até dá a impressão de ter sido usada há pouco tempo.

«Olá! Somos o grupo dos machurdas!», fala um dos tipos quando elas entram numa sala mal iluminada, onde se encontram sentados mais dois tipos falando em voz grossa.

Tanto quanto lhe é dado a perceber, Aveirense não conhece nenhum daqueles rostos, com a excepção de um deles ser-lhe talvez um pouco familiar mas não se lembra. Não há problemas, é claro.

Aveirense deixa a colega a entretê-los e depois afasta-se para ir ao quarto de banho. Fecha a porta por dentro e abaixa as cuecas e enfia um dedo pela vagina… ainda tem o período. Quer que o gajo a foda, para sacar aquela nota, diz e da mala de mão puxa por um bocado de algodão e empurra-o pela vagina dentro…

A um canto a colega está agarrada pelos dois tipos que a gozam, enquanto o terceiro faz sinais para Aveirense se aproximar. Ela chega-se a ele e, faz pé atrás, mas é obvio que um dos motivos porque ele a chamou é para montá-la… portanto deve ser já…

A colega interroga os dois tipos sobre quem primeiro a vai comer. O gajo que está atrás dela fuzila-a com os olhos e pôs-lhe os braços ao pescoço. Há por todo o lado um cheiro que abunda ao choco.

«Queremos foder os dois», berra-lhe, «queremos que tu nos fodas aos dois…», responde-lhe, aspirando o ar como se gostasse daquele fedor.

Enquanto isso, dentro dum quarto minúsculo, o tipo prega c´um empurrão na Aveirense que cai na cama com alguma violência e fica a mandar vir com ele durante largos segundos. A seguir, o tipo começa a despir-se em silêncio… em silêncio também Aveirense começa a arrancar o vestido do corpo… de repente, o tipo corre para o centro da cama e lança-se sobre ela, nu.

Gemendo aos solavancos, Aveirense fica para ali deitada de pernas esticadas com o corpo flexível, pressionando e dobrando os dedos sobre os lençóis da cama, enquanto o tipo coloca as mãos sobre o seu rabo e lhe percorre todo o corpo com elas.

Mantendo um ritmo infernal, sempre a bombar, baloiçando-se num ritmo trote até que algo se prende à cabeça da gaita funcionando como um tampão, e quando tira a ferramenta para fora, cai-lhe os tomates ao chão… e vê na cama um enchumaço de algodão envolto em sangue…

Antes que ela lhe explique, o tipo atirou-lhe com o enchumaço à cara e gritou qualquer coisa como ininteligível. Enquanto limpa a cabeça da gaita, começa a vestir-se e sai.

Termina a borga, e os restantes comparsas fazem constar os seus comentários.

É o momento para que eles acertem as contas. Começam a abrir as carteiras, e fazem contas à moda do Porto… um estilo usual que é corrente neles, mas um berro alto, faz-se ouvir…

O cliente de Aveirense chama a si os colegas da borga e ambos discutem sobre o não pagamento e começam a insurgir-se também contra ela. Finalmente um deles paga à colega… depois o outro cospe num copo de vinho espumoso! E enquanto o terceiro sacode a gaita e atira com o enchumaço do algodão para o meio do chão.

«Estive a foder com o algodão», diz-lhes. «A puta que me calhou é uma artistona. Comeu-me mas não vai comer o meu dinheiro.»

A seguir são conduzidas até à entrada e, como se fossem um lixo, lançadas para fora. Aveirense em primeiro lugar.

As raparigas caminham pela ruela como se estivessem drogadas e tropeçam nas pedras baixas e altas. Já não têm disposição para falar, mas conservam ainda um pouco de humor. Puxando pelo telemóvel Aveirense chama um táxi. Atingem o muro, e lá se conseguem orientar até encontrar o caminho para aguardar pelo táxi que as leve de regresso.

Ainda não tinham acabado bem de sair quando qualquer coisa se meteu no sapato de Aveirense que se desequilibrou.

Segue cambaleando enquanto a colega a puxa através do estreito em direcção ao muro. A sua mão solta-se da colega quando ela cai, e apoia-se nos joelhos sobre a terra húmida, com ambas as mãos abertas rogando:

«Oh, pá! Fodam-se estes cabritos!»


FIM

1 comment:

Anonymous said...

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