Saturday, December 12, 2009


CONTOS DE RATAZANA
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AS BRASUCAS
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Aquela aquém Ratazana chamou de Rosto de Perua já não está no elenco das colaboradoras dele. Segundo disse ao taxista, a colega, o bar não daria necessariamente o que ela desejava… por isso zarpou do ambiente e, rumou-se para outras zonas.

Amendoim Expresso diz que a avistou no centro comercial Ferrara Plaza de Paços de Ferreira, há uns dias atrás. Quando ela o viu, disse ele, deitou uma passada de gigante, rapidamente, na direcção contrária, entrou numa lojita qualquer e esfumou-se.

Entretanto ele descobre casas de massagistas de sexo atrás de umas árvores ao fundo na rua. Tem a percepção de que Rosto de Perua se pôs a léguas de casa… Sempre que sabe de uma casa de massagistas fica à espera de vê-la pela frente.

Isto aconteceu tão inesperadamente que ele dobrou as pesquisas às capelas a ver se consegue topar Rosto de Perua, a única gaja que o consegue ajudar a ocupar o tempo e os pensamentos.

Porra, estas gajas! Se não nos podem dar de sopa, querem sacar-nos, ou se não nos querem sacar a nós, querem-se sacar a elas, diz Amendoim Expresso. É em Portugal, e especialmente na cidade do Porto, que tomamos conhecimento de quão perigosas são as mulheres; não foi por acaso que o boémio português se tornou sinónimo de barafunda e espalhafato sobre quem fode quem e respectivos motivos.

Há qualquer coisa na esfera da noite que põe um homem em sobreaviso constante em relação às manhas e intrigas das mulheres. A Minha Nossa, da vida da noite, amiga de Rosto de Perua, por exemplo. Agora anda a tentar esfolar um joalheiro rico. A vida nos bares e boates tornou-se praticamente impossível, diz ela. A verdade, muito honestamente, é que o joalheiro deve estar a entrar pela medida grande… se ela conseguir amealhar umas centenas de milhares de euros com ele, vai acabar por levar uma vida maravilhosa.

De qualquer modo, Minha Nossa encontrou o seu filão de oiro e está a preparar-se para o amarfanhar. Diz à amiga, que talvez dê um filho a ele. Ele é dono de duas lojas de ourives na província, tem mulher, mas não tem filhos.

Mas, antes de lhe dar um filho, quer que ele lhe dê uma casa… mas sem ser de segunda-mão. É um cromo cheio de grana, conta-lhe Minha Nossa… ainda só a levou para a cama uma vez e babou-a toda… está descontraída.

Rosto de Perua atravessa uma fase de rentabilidade negra.

Um telefonema dela, regressou à Mansão… não à Mansão Real… casinhas a monte abrasadoras… Um padreco-traidor visita-a três vezes por semana para a comer e pede-lhe uma cena a três e ela chamou a conterrânea para a cena, no seu apartamento. O seu telefonema é elucidativo… um telefonema elucidativo daquela brasuca! Diz à conterrânea que é só teatro… mas sem parecerem putas. Não parece que ela vá ter dificuldade. Rosto de Perua resolveu o problema… pelo menos por algum tempo…

As brasucas estão muito tensas. E o padreco-traidor olha-as, claro. Bolas, também não tem muito para onde olhar… Minha Nossa não sabe o que há-de fazer à roupa. Está hesitante. Ela realmente não faz aquelas coisas, explica ela… foi um mero acaso. Mas, bem, se o padreco-traidor garantir que não conta nada a ninguém…

Ele diz para elas começarem a cena e acabam por se deitar as duas brasucas ao mesmo tempo, tocando-se nas partes íntimas, mas sem meter a língua lá dentro.

«Estão a gostar?», diz-lhes.

Rosto de Perua tem de estar a gostar de alguma coisa… Fecha as pernas e aperta entre elas a mão de Minha Nossa, a seguir esfrega-se quanto pode.

«Então é isto que é um duplex, meninas», observa o padreco-traidor. «Costumava imaginar… mais acção…» Espreita por baixo de Rosto de Perua e introduz o dedo na vagina. «Meu Deus, já te vieste… Ainda bem que não te vou comer! Os teus pêlos já parecem relva molhada…»

«Isso é do suor», responde ela e pede-lhe que ele monte a Minha Nossa e a coma. Conta com isso, diz-lhes… se ela se portar bem comigo, mas primeiro vou arrebitar-lhe o grelo… para saber se está a pensar em mim e para gemer quando eu achar que ela deve gemer.

Minha Nossa entesa-se como um bacalhau em cima do lençol e o padreco-traidor deita a cabeça nas coxas dela e afaga-lhe o ventre. Nunca teve tanto prazer como apalpar aqui, diz-lhe… tem um tom tão aveludado, aqui mesmo à flor da pele.

Fá-la naquela posição, enquanto andam gemidos no ar… e o filete lentamente afoga-se na lambidela. Quando termina, o padreco-traidor estremece com repelões… Limpa a boca com as costas da mão. Esteve a comer da tigela de pêlos de Minha Nossa o estupor!

Rosto de Perua estava mesmo a começar a sacudir a água do pêlo quando eles acabaram. Minha Nossa diz para esperar por ela e salta da cama. Molha-se e olha intensamente para Rosto de Perua, que não pára de se rir… e depois atira-lhe com a espuma… têm um aspecto tão tolo, estas duas brasucas, a molharem-se uma à outra, cheias de gozo.

Acabaram por sair os três no carro de Minha Nossa com destino ao aparcamento da residencial. Depois o padreco-traidor entra para o carro e perde-se no caminho. Rosto de Perua também sai mais à frente. Levanta-se, deita uma olhadela à conterrânea e volta-se com a chave na mão para abrir a porta de casa.

Os recados de Amendoim Expresso não deixam de ser realmente o melhor remédio para apanhar os desaparecidos… Rosto de Perua deve ter desencantado um ermo extremamente perto para onde receber os clientes… se houver um homem num raio de cinco quilómetros, certamente pode-se ter a certeza de que ele a encontrará e mais quem vier. Rosto de Perua queixa-se de que está a trabalhar mal e com pouca clientela.

Está agora a começar a trabalhar num clube chique. Um local de clientes de muito graveto na carteira. Quer experimentar outro estilo de engate.

Quando Amendoim Expresso e Rosto de Perua se encontram, abraçam-se, enroscam-se um no outro como um puzzle chinês, os braços envolvendo as cinturas um do outro, cada um lança palavras de abrir a braguilha… Amendoim Expresso está do lado de fora e ela passa para dentro… pode falar à vontade e saber o que Rosto de Perua tem para lhe dizer e ela abre-se que está com muitas saudades dele...

De repente, os dois comportam-se como se estivessem a ver uma fita de Marias. Ele tem estado a apalpar a rata para a pôr quente… mas Rosto de Perua agarra-lhe a mão e diz-lhe que não é aquele o local mais apropriado! Bom, se ela quer ter espectáculo mais ardente, vai tê-lo… Começa a levantar-se e ela segue-o e ambos atravessam a rua ao mesmo tempo e entram na residencial ao lado.

Estar entesado e no meio da cama torna o caminho muito mais fácil do que habitualmente é… Amendoim Expresso salta-lhe para cima, mordendo-lhe as orelhas como um tigre. Beliscam-se um ao outro até que a apanha por baixo, apoiado sobre a barriga, à canzana…

«Não é aí, reclama ela… Mas Amendoim Expresso respira excitação por todos os poros e torce-se todo conseguindo enfiar o vergalho até ao pescoço… Merda, se ele não entra agora, nunca mais ele entra, diz ele… o seu vergalho penetra como se fosse filho da casa… e quanto está lá todo dentro, ela dorme…

Cheira-lhe a queijo de ovelha e a seguir sente uns cabelos loiros a coçar-lhe no nariz… Não se importa com a comichão, mas continua do mesmo modo… as suas narinas começam a habituar-se ao cheiro…

O corpo de Rosto de Perua está a arder, nota ele… É como estar abraçado a um fogareiro de castanhas… Estou a gozar como um macaco de feira, mas ela está inerte agarrada aos meus braços… adormeceu ao vir-se… Paro c´os movimentos de vaivém até que Rosto de Perua volte a si… não, mais não.

Põe Rosto de Perua coberta com o lençol, ao mesmo tempo que se enfia debaixo do chuveiro olhando para Rosto de Perua, deitada na cama em repouso, com as pernas abertas… fecha-as enquanto ele a observa…

E mais ainda:
… tem um aspecto estonteante… e dobra as pernas como o coelho, abanando a cabeça como se quisesse clarificar as ideias…

Amendoim Expresso e ela saem para fora e já são dez da noite e ele leva-a à porta da entrada de casa… com um beijo despedem-se… Normalmente mandava-o subir, mas como Amendoim Expresso estava aviado e, ao mesmo tempo consolado, deu o frosque.

Mas ela… que diabo vai ela fazer para casa? Engana-se quem assim pensa. Vai sair outra vez. Além de que será a coisa mais natural desta vida, para alguém que ande realmente à procura de engatar um novo parceiro…

Para acabar a noite, Rosto de Perua vai-se encontrar com Minha Nossa numa boite perto de casa delas e Minha Nossa arranjou já um caldinho, rápido e não muito cansativo, com um inventor que sacou de lá que diz que paga duplo para cobrir as duas.

Minha Nossa passa toda a santa hora a citar «o que ainda hoje se deve fazer: uma rapidinha».

Dão corda às pernas e saem para fora. Vou dar cabo de vós, diz o inventor. O inventor já está tão bêbedo que nem uma folha de eucalipto conseguiria dar cabo…



FIM







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