Friday, January 17, 2020






                                               Buraco Sexual
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   Gugu, do grupo do Bar do Traidor, está sentado quando entro. Tem estado à espera que eu chegue ao bar, diz-me, e fica contente ao saber que eu vinha com a ideia nele. Mas mostra-se mais interessado a respeito da primeira conversa que me recomendou ao ouvido… Não lhe digo que ele vai ter que se chegar à frente com uma nota de cem euros… Não há problema por não me ter esquecido de lhe falar no preço. Ele já deve calcular. Já despachou uma gaja da mesa, diz. Afinal de contas, ele não a desejava. Quem ele desejava era a mim, que me tinha visto, na companhia de um cabrito, a ir fazê-lo para a pensão e sente-se injustiçado.
   As putas estão a ficar fora de moda, mesmo oferecendo-se aos nossos olhos, oferecendo-se aos nossos próprios olhos, repete. A seguir, faz um dito cínico… é notas o que elas estão à procura oferecendo-se aos nossos olhos… mesmo oferecendo-se aos nossos próprios olhos. Gugu está pouco gentil, nem um copo paga a uma moça para lhe fazer companhia, julgo que esteja à espera de que eu o desafie. Tem as pernas unidas e trémulas, com o fumo do cigarro a envolvê-lo e, pelos vistos, não planeia sair dali tão cedo. Pergunto se ele se sente bem. Sim, claro, sente-se fino… somente um pouco desgastado… e disfarça a olhar para o meu rabo. Bem, digo-lhe eu, vou-me fazer àquele gajo que não pára de olhar para mim… e é então que uma mão dele se levanta e coloca-se no meio dos meus joelhos. Poucas vezes o vi tão descarado… Quando senti a força que ele estava a fazer, fui obrigada a agir.   
   «O que é que tu queres?», perguntei-lhe. Gugu retira a mão e, leva-a na direção do meu cu e coça-o.
   «Só uns quinze minutos de prazer e tu nem dás por ela», diz. «Mas agora, Isabel, pela tua saúde, não digas que não, está bem? Sabes como eu sou tarado.»
   Puxa o copo de Coca-Cola e bebe um trago de relance.
   «Há quanto tempo é que manténs essa cisma?» pergunto-lhe. «Quanto é que me dás? Ofereces-me cem euros e eu dou-te o meu rabo.»
   «Lá vens tu com essa boca suja… devias estar calada e não mandares cá para fora esses palavrões. E, sabe Deus, para te dar cinquenta euros já é bem bom», oferece-me Gugu. E, acrescenta à defesa, «eu não te quero só para uma vez… mas, para permanente.». E prossegue:
   «Mas isto é uma coisa que não passa daqui», continua. «Bolas, só há uma coisa que tu me podes satisfazer… já sabes o meu ponto fraco. Faz-me esse favor e verás que não te vais arrepender. O meu problema é que o meu olho viciou-se pelo teu olho e agora não à volta a dar.»
   Gugu abre as pernas e exibe-me o pau protegido. Para ter a certeza de que eu o sinto bem, puxa-me a mão. «Se quiseres, podes o levar», atiça-me ele. «Mas tens que baixar primeiro a parada.»
   «Gugu, vai-te tratar meu filho. Vai tu com a tua mão para a cama», respondo-lhe. Gugu julga que eu não sou de cá. Não está a fazer nada que qualquer outro cliente não o faria, etc., etc. No entanto, já de lá venho e não baixo a minha parada, garanto-lhe. Gugu sente-se pior.
   «Merda, Isabel», diz. «Devias ser mais minha amiga. Nunca pensei que um dia me ias fazer isto, deixar-me aqui de pau teso.»
   Empurra o copo prá frente e encosta-se para trás do sofá. Tira o tabaco e acende um cigarro.
    «Olha como estou nervoso. Não tens dó de mim? Vais ver o que te vou fazer, quando me vieres cravar para o tabaco. E és tu que ficas a perder.»
    Estava a entoar na sala a música da Bunda Brasileira, e ele excitou-se de tal modo que interrompeu a bebida e começou a gaguejar.
   «Dou-te mais massa para te comer o rabo», oferece-me ele, «mas só te pago quando fores a segunda vez comigo.»
   «A segunda vez!», exclamo. «Queres fazer-me passar nesta idade por burra? Quando eu era ingénua… Claro que caía à primeira. Mas isso agora não significa que caia à segunda…»
   Gugu deixa de me prestar atenção e começa a fazer festas ao pau...
   «Estás a ver, pá?», diz Gugu. «É doido pelo cu e pelo gozo que dali tira. O “tusto” nada tem a ver com isto, mas a partir disto, tu só pensas em sacá-lo.»
   «Mas, Gugu, quando meteres o teu pau no meu cozinho fofo, quando eu começar a sacudir-me de um lado para o outro contra o teu… podes crer, não te vais gaguejar com nada que não tenhas experimentado.»
   «Não me fodas», protestou de repente ele. «Deixas ou não deixas?»
   «Se pagares deixo mesmo, Gugu… deixo mesmo, como te disse. Mas já sabes, não saio daqui sem a minha nota de cem euros.
   «Não quero mais conversas, Isabel. De qualquer modo, o que vou fazer quando sair daqui é tocar uma à mão, dá-me também gozo! E nem preciso que abras as pernas. Só preciso concentrar-me no teu rabo…»
   «O quê? O que é que disseste? Concentrar-me no meu rabo?» Gugu fica muito estático. «Não me lixes, tu és velho demais para usar a mão, não és? O que eu acho, Gugu, é que tens de ter um buraco para gozares, não é?»
   «Uma porra, é que eu tenho de ter um buraco para gozar. Quer dizer que tu também não gozas quanto te encabam?»
   «Não brinques, Gugu. Se queres saber, não sou como aquelas que to dão, ou sou? Gaita, tu nem vais acreditar se eu te disser que nenhum dos gajos que me comeu me pediu o rabo, juro pelo meu padrasto! E não foram poucos. Só clientes dos traidores.
   Ele está para ali todo esticado, com a coisa dura que nem um bacalhau. E não pára de discutir comigo a possibilidade de eu fiar. Mas eu já estou cansada de o ouvir falar… quer me comer, diz, e se eu não lhe der o botão de rosa, ele nunca mais me vem visitar. Eu então esfrego-lhe com o meu botão de rosa de trintona um pouco sobre ele e a seguir dou-lhe dois abanões à gaita com uma força que lhe deviam ter feito saltar os tomates.
   «Ora goza, lá», digo-lhe. «Estás a ver o tempo que estás aqui a perder quando podias já estar a vir-te. Já viste isso? E tudo por tua culpa. Tudo o que tens a fazer é puxar do teu cartão American Express cá para fora, e a partir daí, já podes matar a tua cisma».
   Apalpa-me as nádegas e quase me tira a camisa para fora das calças de ganga e eu vejo em pensamento os seus gemidos a soltarem-se… Sinto-me realmente virada para outro lado. Estou em pior forma que Gugu e o aspeto dele não é propriamente uma flor. Quanto ao cliente que me está a fazer olhinhos, dá-me a impressão de que é um bom cabrito. Agora, faz sinais se eu quero ir para a cama com ele, já!
   Digo ao Gugu que hoje não estou interessada em fiados… fica para outro dia, talvez, mas mesmo assim não me quer deixar sair da mesa. Se o deixar enrolar, vou ver-me aflita para me pirar dele. Então quando me vê resistir ao crédito mal parado do tempo longo sem juros, convence-se finalmente de que estou a falar a sério.
   «Bom», diz, «então fica para outra vez… Mas depois digo quando te virei procurar… vais ficar à minha espera…»