Friday, April 16, 2010


CONTOS DE RATAZANA
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AS CHAVALAS DO BAIRRO
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As chavalas do bairro querem uma borga. Dão-me a dica maliciosamente, quando uma tarde nos encontrámos no bar.

Gostariam que eu organizasse um programa de maneira a que alguns amigos próximos as fodessem por atacado numas das breves noites… mas muito breve.

Estas não são as chavalas que eu conheci há uns tempos atrás, mas todas elas mudaram rápido em pouco tempo.

Uma coisa é certa, elas são o estilo ideal para o tipo de trabalho que propõe… têm o ar juvenil e o comportamento de galinhas-do-mato, figuras curvadas como uma viola, vestem ganga e possuem muita palheta. Acrescentado mais palavras, possuem todos os bons ingredientes que lhe permitem conduzirem-se como umas putinhas de cinco contos furados.

Pergunto-lhes quantos são que elas gostariam de levar… Um, dois, três… acham que chegam? Sim, elas pensam que três chegam bem… não muitos, mas em número suficiente para se passar um bocado da noite interessante. E toda a malta vai estar excitadíssima a tornar as coisas muito esquentadas.

Não tenho mesmo a mínima dificuldade em organizar o programa. Os parceiros não levantam o mais pequeno problema em alinhar nas bebidas e no aposento.

Aquelas chavalas, darem-me uma dica daquelas! Bom, hei-de proporcionar-lhes um programa à medida daquilo que estão a pedir…

Mantenho-me afastado deles durante as seis horas antes do programa, servindo dúzias de bebidas, cafés e sanduíches.

Puxo lábia a Trícia, a mais nova das chavalas, durante a parte da hora do jantar do dia da sua estreia. Está ansiosa… nunca antes fez nada em grupos. Como aperitivo sugiro-lhe irmos no meu carro para dar um aquecimento antes do início do programa, mas a cabrita não alinha nisso.

Nem penses, diz ela, até chegar a hora… era a mesma coisa que brincar às escondidinhas…

Termino o meu serviço, e depois embalo atrás dos carros deles, e perco-me no engarrafamento, por isso quando entro na discoteca, Toneca, Cigano e as chavalas já lá estão. Violeta, a mais mexida atira-se à pista, mas não vai só… ela chama Canário que a acompanha na dança do rebola a cesta... Nestes programas não é de perder tempo para pôr as ganchetas no abana… Bebendo calmamente, conversando um pouco para que a tourada não seja tão à toa, deixámos passar duas horas até o baile arrefecer.

Nesta altura já toda a malta está farta, naquele ponto em que uma bebida tem um comprido caminho a percorrer.

Cigano mostra-nos, pela última vez, a habilidade na rumba que consiste em por a peida a girar à moda de Cantinflas.

Canário passa de par em par, parecendo dar as voltinhas do Marão. Roça-se no meu pau, esperando que eu fique com tesão e quando vê que o pau está duro vai-se embora para o quarto de banho... tudo isto, e muito mais, debaixo de um olhar prometedor…

Levamo-las, todos os três, para a pensão e Cigano é o primeiro a tirar a roupa e a pô-la no chão… Enquanto se descompõe arranja maneira de abanar a gaita, numa forma de a relançar para o trabalho e vai dizendo para quem o quer ouvir.

«Vejam aqui o meu arsenal», diz ele.

Trícia dá um grito e atira-se a ele… agarra-o e caem ao chão. Ele deita-lhe a mão por baixo e deixa-a brincar com ele quando se ouve uma exclamação sobre quem apagou a luz. Eu reivindico o acto; Toneca, à procura do melhor, diz que precisa de uma foda, mais do que qualquer um de nós…

Há uma data de gemidos no ar enquanto me dispo. Canário é a única pessoa que parece não saber para que lado se há-de virar… Está debruçada no beiral da janela e topa-me a despir… por qualquer motivo, dá a impressão de estar à minha espera.

Não estou com o pau como devia estar, mas Canário é a miúda indicada para tratar de mim. Assim que chego perto dela, os seus olhos parecem duas lanças apontadas ao malho, e com as duas mãos aplica-me tremendo bico que fico de olhos vidrados a ver estrelas… Estou tão acelerado, perco o controlo e vou abaixo das ganchetas que me venho quase antes de começar a malhá-la…

Oh, é suficiente bom enquanto dura, e assim que eu estrebucho, salta Cigano. Parece um cavalo enquanto a come. Até fico com a impressão que tomou Viagra em dose dupla. Galga como um animal e Canário quase sufoca com falta de ar.

No centro do quarto, Violeta mexe as pernas e abraça Toneca contra ela, berrando tão alto quanto pode. Estão ambos deitados no chão, com as línguas tão erectas como facas de aço… a sua fúria ainda só agora começara…

Santíssimo, se alguém entrasse agora, não precisava de lamparina para saber que havia umas ratas nas proximidades… o que me admira é o chinfrim não atrair os ouvidos do recepcionista da pensão. E o fedor… ainda bem que estou constipado e não devo ter olfacto…

Violeta ainda não se veio, embora Toneca a martele com fúria como se estivesse a pedalar para uma corrida com ela. Dá-lhe unhadas no cu para lhe acelerar o ritmo, ordena-lhe que se mexe prá aqui ou prá ali, diga isto ou diga aquilo, como se tivesse à espera dessas coisas para soltar o santo pombo antes dela.

Ela acha burrice, a pega. Está disposta ao serviço… experimentava fazer meia dúzia de gajos, se neste momento lhe pagassem para o fazer…

Trícia aproxima-se mais, e assim que está próximo deles, ele põe-lhe as mãos em cima das mamas. Toneca solta a língua e deixa que ela agarre a dele num frente-a-frente… ferra-a até a deixar cor de areia, está tão em excitação que é menina de lhe arrancar a língua, se não se puser a toques…

Cigano termina, com um berro que quase parte os vidros da janela, e realmente dá o litro com Canário nos segundos derradeiros. Cansou-a de pé, mas não lhe provocou orgasmo. Canário está pelos cabelos quando lava a rata enxugando-a com uma toalha de mão embebida em água quente… quem raio, diz ela para si, deseja foder com um boi daqueles? Deixa-se ficar por ali um bocado antes de voltar para dentro.

Toneca está a chegar ao fim… geme e omite «Ais» e «Óhs» vezes sem conta e, durante largos segundos, fica demasiado grogue para fazer outra coisa senão ficar esticado e deixa Violeta a falar sozinha. No fim do número Violeta parece ficar excitada em demasia e obriga Cigano a comê-la mesmo ali no chão.

Canário deve ter estado a seguir o meu trajecto desde ao bocado… seja como for, continua interessado de novo em pôr-me à prova. Gatinha para mim, quando me apanha encostado a um canto a fumar e começa a lamber-me o pescoço e as orelhas.

«Por onde é que andaste meu Ratazana?», quer ela saber.

Há alguma malandrice. Canário acha que a devia levar para a cama, antes de continuarmos… uma pausa para respirarmos e enfiarmos por cima do colchão, com ela por cima. Está arrepiada, mas depois de uma ou duas esfregadelas fica tão quente como eu, e por fim, ela avia-se aos solavancos.

Trícia ainda continua interessada em ser a rainha da festa. Podia-se pensar que após uma tourada destas ela estaria exausta mesmo que fosse só para fazer o papel de chegadeira. Mas com Trícia tem que se contar sempre.

Trícia resolve, quando está a fazer a segunda passagem sobre Toneca, que devia ser um gozo especial expressar nabo ao masturbar-se. Violeta tenta dizer-lhe que não vai conseguir… vais ter de o dizer como o dizes agora, avisa-a ela… Trícia olha na minha direcção...

«Que se lixe o modo», digo-lhe. «Vá, lá, quero ver isso.»

«Claro, queremos também ver», encoraja-a Toneca. «Porra, não deve custar muito a dizê-lo…»

E assim Trícia abre as pernas.

Desta vez move-se e esperneia-se como uma galinha-do-mato… mas não perde tempo. Toneca mantém-se firme por baixo, com a língua na boca dela. Os outros e eu assentámo-nos no chão para a ver agir.

Depois de se empregar a fundo, mantém a língua enfiada e nem uma sílaba sai… o andamento dela diz que está a agir de uma forma mais andante que ela alguma vez curtiu… Os corpos deles produzem ritmos ofegantes… alucinantes…

Toneca parece estar a tentar que ela se despache o mais depressa.

Trícia mandou-se ao ar quando Toneca parou de bombear… roga-lhe com suplício, para se aguentar mais um segundito… é que já está a chegar-lhe os leites, diz ela…

Toneca diz que está todo roto… O gozo de Trícia desperta o interesse de todos que querem ver se ela consegue manter a sua.

Mas Trícia, com o tesão a chegar-lhe ao pito, torna-se uma fera.

Três segundos e depois está-se a vir… dizendo em termo pausado a palavra na-bo-oooo… e logo a seguir, na-bo-zinho-oooo… e depois cai para o lado… e como ela ri com essa cena caricata! Há muito tempo que não se abre uma janela… a atmosfera está carregada de leite que tolhe e cheia de fumo de tabaco.

Para mim as horas começam a arrastar-se pesadamente e as coisas começam a perder fulgor. Uma chapinada de água nas ventas aclara as coisas durante um tempito, mas é somente um tempo curto… é necessária uma quantidade mais abundante para clarificar melhor as coisas, Observo Trícia a rir em simultâneo com Toneca, deitados no chão e o resto do grupo, entretidos com a cena e também quase todos de tacha arreganhada.

O grupo está demasiado estoirado para prosseguir.

Acabaram-se as fodas… é a conclusão inequívoca de que a borga terminou. Mas Cigano quer mais uma rapidinha. Pica-as a todas, mas é mais olhos que barriga, e mesmo que quisesse não o consegue pôr de pé. Elas ficam-se pelo alívio… não o tentam entusiasmar.

Depois os três… Toneca, Cigano e eu… lá nos fomos vestir e damos pelo tempo bem empregue. Da janela vejo um peido mal amanhado que vem acompanhado duma cavalona, e vão entrar para a recepção. Vai ser uma cabritada à moda antiga para ele, segundo penso.

Olho o céu escuro fixamente… o ar que dele provém enchem-me e ilumina toda a minha alma.

Arremesso-me para dentro do carro e quando o motor desliza pelo asfalto, a escuridão abate-se sobre mim…