Sunday, December 27, 2009





CONTOS DE RATAZANA
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ASES DA CAMA

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Graça, açoreana de raiz, vem visitar-me pela terceira vez porque se vai embora… deixando o Porto talvez para sempre. Com o seu fardo, justamente com ele. Ela e o fardo chegaram a um certo consenso…

Não consigo entender se ela vai abandonar a prostituição ou não, mas não me parece que vá. Sendo uma mulher essencialmente luxuosa e exótica, cheguei à conclusão de que ter Graça no meu naipe de colaboradoras é uma mais-valia que só me favorece por ter mulheres como Graça.

Vai partir para a sua residência em Lisboa e daí possivelmente para Espanha. Graça abre-se com isto sentada na minha mesa do Bar do Traidor enquanto acabo de arrumar a cozinha, pois apareceu depois do jantar.

O que é que eu acho disto, quer ela saber. Tento achar no que é que acho daquilo, mas é uma tarefa deveras complicada.

Depois de um intervalo, Graça, de forma demasiado profissional, pede o aparecimento de um cabrito… gostava de levar umas coroas mais com ela. Tento apanhar o primeiro, os cabritos nunca estão na hora certa. Estes gajos! Se me aparecesse no dia anterior e dissesse que queria gozar com uma data de pichotas, eu dava-lhe manadas delas.

Quando saio para ir guardar os aperitivos do balcão, Graça pede-me um curto. Esta noite o café sai com um creme maravilhoso … é outra das vantagens em estar com uma quarentona tão boa como Graça. Mas eu não tenho más intenções. Graça é boa, eu queria-a, mas agora ela vai-se embora... quem conseguia apanhar nestas alturas?

Além de uma boa simpatia pela pessoa, não estou, não tenho más intenções. Já lá vai o tempo em que uma mulher tão atraente como Graça me fazia furor por dentro…ou por fora.

Na sala entra Magalhães. Apresento-os, e o seu aspecto é de grande entusiasmo. Vou levar-lhe um cocktail de frutas, hoje é dia de trepar. Ao fim entrego-lhe a conta, levando uma boa gratificação na bandeja. À porta, despeço-me de Graça, pensando que provavelmente não a tornarei a ver mais.



Duas horas depois da abertura do Bar do Traidor toca a campainha e Big Bela encontra-se à minha espera no hall. Livrou-se do seu pitosgas e agora quer trepar mais.

Fala sobre a sua vida actual. Agora que está na pré-reforma acha que eu também me devia inscrever. A ideia à primeira vista nem parece ser má de todo se fosse bem sucedido em aposentar-me, mas que se tem de mexer bem os cordelinhos lá isso tem para receber os dividendos respectivos.

Big Bela ainda está a tentar explicar-me a meter os papéis quando chega à minha oficina o cliente das tardes morrinhas. Uma vez dentro da sala, vem ter comigo para saber quem é o peixe que tenho ali dentro com a perna alçada atrás de nos, e isso tem assunto que chegue.

Ainda mal acabei de o servir e já ela se atirou para ele, enrolando-o no seu patuá e procurando com as mãos animá-lo a uma rapidinha. Seguidamente, só dois dedos de sedução, começa a prepará-lo.

Não traz apetite… É a primeira descoberta que faz.

Digam lá o que fariam por desejos secretos; eu gosto mais das coisas ao natural, pôr as mãos em tudo o que mexer, onde mexer e quando tiver vontade, sem silicone nem falsos nem postiços.

Enquanto o vai aquecendo, pondo-lhe as mãos entre pernas até surgir a sua reacção a conta-gotas e naturalmente a desinteressantíssima maquinaria da frente.

Então, e apesar de todo este monumental calor, o tipo continua impávido e sereno.

Mantém-se fogosa e mexida, com o vestido transparente, mostrando de que é que as cabriteiras são feitas. «Pegadiças e cor-de-rosa, e um cheirinho acre-doce», dizia-se quando eu era aprendiz do ramo…

As mãos são a única coisa que nela mexe. Olha para a entrada, para ele e depois para o lugar da ferramenta. Por fim manda-se da mesa e vagueia amorosamente pela sala, exibindo em pose para a frente como uma dessas ovelhas das passerelles de beleza que às vezes se vêem nos documentários televisivos e magazines de moda.

Rabo sobressaído, peito subido, sorriso curtido… que naco, e ela sabe-o. É uma dessas coisas que torna Big Bela grande… o ela saber a mulher especial que é, e no entanto não se cobrar muito a respeito da técnica que tem entre as pernas…

Não admira que o seu pitosgas tenha dado o exclusivo. Qualquer cliente daria, tendo uma mulher daquele calibre ao seu alcance e podendo sempre que queira ir para cima. Para ele é melhor assim… se bem que creia que ele, ou qualquer outro interessasse este compromisso. Eu não me comprometia, de certeza.

Enquanto a admiro no número de aquecimento ao cliente, subitamente tomo conta de quão altamente deve ser ter, em privado, um programa e uma boa amante.

Incrível? É lamentável… coça-me a cabeça pensar nisso, e a ver o tipo para ali sentado com o mastro totalmente em baixo… O cliente toma a atitude de se levantar, pagar a despesa, e dar o arregaço dali para fora.

Big Bela afasta-se do balcão quando vê um cliente a aproximar-se e a dirigir-se para uma mesa. Não, não, pode-se sentar também, diz-lhe ele. Mas não me toque, se me toca, eu começo a beliscar-lhe as partes cheias… e então é certo e sabido que vamos ter comezaina…

Num ápice, Bela saca-lhe uma bebida… Bela com a sua conversa entrosada de boa maria e ocultando a sua mão acima e abaixo.

Depois Bela dá-lhe a conhecer um pouco do seu programa para ele ficar a saber o que vai contar… e ele conserva-se muito atento a quase tudo o que ela diz, antes de vê-la trocar de pernas e volta-se para a apalpar… mas vê o seu rabo − que nesta altura está mesmo um rabo – estende para ela a mão com que tinha estado a esfregar o perna.

Fica-se por uns momentos a olhar e dá-lhe uma palmada no rabo, de que ela naturalmente não está a contar e que a faz soltar um urro de exclamação. Deixa-a contorcer-se deliciosamente atrás da perna dele… o seu cu tem uma forma muito interessante, com duas meias-luas separadas ao meio, confidencia-lhe, ao mesmo tempo que tenta fazer passar a mão por uma abertura que é demasiada pequena para ela.

Sim, ele demonstrou um interesse pela hipótese de a comer, acrescenta rapidamente, antecipando-lhe à pergunta que ela se preparava para fazer. E dá-lhe, e de que maneira, palmadas no rabo e quando a vê lampeira sair da mesa para ir ao quarto de banho, ri-se a bandeiradas, por assim dizer.

Chamo Big Bela a mim, já que é isso que ela gosta ouvir, que ela é sem a menor sombra de dúvida uma celebridade de Ás da Cama. Ah, como ela gosta de ouvir isso!

Até me fazes corar, diz ela, se pensas que eu tenho amigos viciados nos meus programas habituais… provavelmente os homens convidam-me para gozarem momentos únicos de gozo e prazer…

Puxa o vestido pela perna, mas quando está a meio caminho, com os braços abertos, ela envia um beijo pelo ar e retribuí-lo.

«Adeus, Ratazana», diz. «Obrigado e até à volta!»

É o adeus de Big Bela.



Paula, uma versão lordesca de Minhoca, já tem um invento cor-de-rosa. De há umas semanas para cá que se regozija com este seu novo invento. Não tanto pelo invento, mas sim pelos seus utensílios… para homens e para mulheres.

Mas agora descobriu que o Rouxinol-da-cama, seu cliente efectivo, não lhe liga a ponta dum corno como antigamente lhe ligava, e ela não sabe o porquê. Por isso, Minhoca tem andado desconfiada. Há qualquer coisa no ar que não está bem, insiste, as putas devem-lhe ter dado um xarope ou coisa parecida.

Ou talvez o pateta tenha andado pelos bares das redondezas, a ver putas novas que lhe dêem todos os prazeres e quando ele as fizer avançar, põem-nas na cama com as cassetes de pássaros a exibirem-se e arranja logo a forma de se masturbar.

Quando lhe faço ver a admiração de que não é muito normal um homem necessitar de se masturbar pela passarada, Minhoca desvia-se do tema e convence-me que há ali qualquer coisa que não cheira lá muito bem.

Quer ir para a cama com outras gajas, mas diabos o carreguem se vai fazer esse jogo comigo. Rouxinol-da-cama? Até o nome dele já não me está a dizer quase nada, diz Minhoca. Eu só conheci um cabrito com esse nome nome? Tá-se mesmo a ver que é raridade… passa-me qualquer coisa ao lado…

Mas, com tanta ansiedade, Minhoca quer saber tudo. Gostaria que eu sondasse as colegas, só para tirar umas dúvidas. Talvez nós pudéssemos, um por cada lado, no bar, puxar pela Manela ou Cristina a ver se sai qualquer coisa que valha, ou então o pateta anda a comer alguma gaja que parece não precisar de mais parceiras.

Eu averiguo com a intenção de arranjar uma história para o pasquim acerca de «De onde veio a traição?». Minhoca tem tanta necessidade de agarrar o Rouxinol-da-cama como qualquer mulher da rapidinha. Mas, consegue obter, sabe-se lá de que maneira, um convite para almoçar entre os dois.

O Rouxinol-da-cama, que é, afinal, como a alcunha o apresenta, assemelha-se a um pássaro saltitante, com um suave e melodioso canto trepidante, a que dá as funções mais variadas: espevitar os pintelhos das bucetas, servir de acompanhamento, tirar o sono à febra e tudo o mais que for necessário.

Como Minhoca e eu estamos ali com funções alegadamente compartidas, sou posto em contacto primeiro com a parelha de gajas e só depois com os seus inventos.

Está tudo espalhado na mala preta numa rebaldaria total, e os objectos apresentam-se, na sua maioria, presos ou soltos. Uma grande parte deles tem a configuração de vibradores de estilos, spray para levantar paus sem erecção ou então aparelhos que pretendem fazer, em rodopio, variadas funções. O mais aplicado é um novo tipo de gel aromático, mas desaparece logo à mais pequena lambidela. No fim de tudo isto limita-se a ser uma propaganda de tralha sexual a aliciar o cliente, como já não via há muito tempo, e altamente aliciante.

O Rouxinol-da-cama poucas vezes se vê no bar e, à medida que o escuto ao telefone, lamenta de facto criar um conflito entre as suas maiores amigas… é tão cansativamente aborrecido. A mais alta e a mais baixa são muito especiais. Diz que a alta tem uns oito ou nove fôlegos… a baixa deve andar entre os três e os cinco.

Minhoca informa-me que soube que é a Manela a preferida de Rouxinol-da-cama quem tem mão nele. O motivo por que as duas se desentenderam, é lá com elas, mas não me admira que uma delas vá espremer esta ave cantarolas é uma dessas coisas que não é novidade neste quotidiano…

Provavelmente é porque ele usa os cantares com mais à vontade…

Merda, por aquilo que Minhoca me contou, tinha pensado que eles se engalfinhassem enquanto esperavam que os calores trepassem. Ao invés disso, passam-se a ver passarada em cantos, da região do Norte e das maravilhas da Madeira.

Durante o almoço, vem a farra. Minhoca confessa maliciosamente que há uma coisa que não lhe revelou. Vai buscar a mala preta e tira de lá uma garrafa pequena que está cheia com um líquido azul, levíssimo, um novo tipo de bebida de agradável sabor, que pretende ter, ao mais pequeno contacto, mil e um risos. É uma bebida que ela inventou. Tem o gosto a uva mijona do campo, e combina de mais alguns paladares e sabe-se lá que mais.

O Rouxinol-da-cama, que me diz nunca jamais se atrevera a mais do que um vício, deixa-se embarcar neste e acompanha-a numa primeira pinga que ela oferece nuns pequenos copos, e começa imediatamente a cantar.

A borga anima-se, e o invento de Minhoca começa a dar sinais de ir bem.

Depois do segundo minuto, Rouxinol-da-cama ainda continua a cantar, e a voz está a alterar-se. Minhoca sai do quarto para ir à casa de banho deitar fora a bebida que abafou na boca e volta ao quarto a tempo suficiente de ver o Rouxinol-da-cama a despir-se e a sentar-se na cama ao seu lado e com a mão a beliscar-lhe o cu.

Os sintomas e o contacto começam-lhe a fazer rir. É mais do que uma simples gargalhada… Sente os risos aparecerem quando toca no corpo dela, e entoarem como ecos numa montanha fechada, todos em tonalidades iguais. As luzes do quarto tornam-se excessivamente quentes. Admira-se de não estar a cantar.

Tem a pele muito esbranquiçada. Minhoca está toda entusiasmada com o seu novo invento, e num quarto de hora, ou isso, acabam com a bebida.

A Minhoca deve sentir-se muito feliz, por o ver naquele triste estado sem que ele se desmarque. O Rouxinol-da-cama maneia a cabeça cá e lá nos limites do inconformismo, sem conseguir forma de travar aquilo. Executa um exercício demasiado caricato… o segredo com esta bebida tipo pinar-não-há de Minhoca é que, pelos vistos, paralisa o tesão.

Toda e qualquer intenção de a comer há muito que foi ao ar e assim ele continua separado a rir-se como um maluco em intervalos de segundos, ou mais ou menos.

Gargalha-se sentado na ponta da cama como se estivesse a ver o maior espectáculo do mundo, deixando-a ficar de sorriso pregado aos lábios, às escâncaras. Minhoca continua a gozar a cena.

Um segundo, e tac… volta o mesmo… Ela muda todas as posições na cama, à excepção de um delas que o seduz mais: pernas escachadas; tem uma mão no meio das coxas a fazer cócegas ao grelo.

O Rouxinol-da-cama resmunga abertamente sobre o sexo nu, desprega-se da cama e embala na saída.



Depois da primeira passagem pelo Bar do Traidor há cerca de dois anos a esta parte, Bochechas, nome de guerra, volta à casa que a tornou famosa para recuperar todo o tempo perdido, pois o tempo é dinheiro depois de entrar nos bolsos, e mantém-se desde que esteve fora, um avião, para que todos possam usufruir do seu ardente corpo.

Tem a pele bastante morena. Todo o cliente está entusiasmado com este seu regresso, eu incluído. Numa meia hora, ou pouco mais, as mesas enchem-se.

Bochechas remexe-se no sofá como se tivesse um alfinete no cu, deixando-os ver tudo até cima, às calcinhas amarelas, de nylon. O homenzinho em frente continua de pé de olho aberto até trás.

Duas palavras, e zás… vamos lá? Dito e queda… vamos lá?... Ela desliza pela marmorite da sala, pega na mala de mão no bengaleiro à porta enquanto o homenzinho continua de pé à espera de pagar a conta, depois raspa-se para o quarto da residencial.

O que é que vamos fazer? Quer ele saber. Despe-se e atira com a roupa para o chão, eufórico. No minuto seguinte está a levar com ela por cima dele, no meio da cama. Grita como um índio, dizendo que lhe vai dar mais dinheiro se ela o tratar bem, e ela está a tentar mostrar-lhe toda a sua alta técnica de chupar, dizendo-lhe ainda que o vai sugar até à última gota de leite…

Todavia o homenzinho está ansioso… não se importa um babado de preservativo camuflado na boca ou mesmo meio babado, diz ele, se esse broche for bem feito… aliás até gostava que ele fosse mesmo…

É claro que a Bochechas quer vê-lo pelas costas. Meia dúzia de bombadas e fica apalermada a vê-lo estrebuchar debaixo dela, e espreme-lhe o cacete com aquelas mãos ágeis até ao tutano, e pára de chupar. O homenzinho ainda tenta fazer um esboço de força mas de pouco lhe serve. Não tira os olhos de Bochechas e fica com ambas as mãos atrás da cabeça, a servir de travesseira, e ela ergue-se sobre ele, dando-lhe a sacudidela final...

Já alguma vez o chuparam assim, pergunta ela ao homenzinho enquanto lhe alisa o cabelo. Oh, nada que se pareça… assim nunca. Está a ser sincero, o homenzinho, e mais diz, eu nunca vi nenhuma brochista como tu. Quase lhe custou responder assim…

Bochechas desliza, de modo a vazar dali, mas quando ela se arranja, vê ele a descer da cama e a pôr-se à sua frente. Ele… pede-a de novo.

O homenzinho sugere nova relação. Não que ele não tenha gostado, diz ele cheio de papo, mas sempre foi a favor de duas semi-seguidas. Está tão desejoso de a papar noutra posição, e como ela não se quer opor, é trigo limpo e farinha amparo. O único problema da relação é que o homenzinho vai ter de pagar a dobrar…

Quer ficar a vê-la por cima a levar com ele, mete-lhe as mãos por debaixo das tetas baloiçantes… assim até parece que se vem mais depressa. O pau ainda não teve tempo de se endireitar, e a Bochechas tem-no de o aquecer.

O homenzinho mantém-se a bombar, e a única coisa que sabe dizer é que está quase, está quase… e ela começa a beijá-lo, aparentemente para mostrar a ele que não está ali prás fitas. O pau ainda está mole quando ela lhe enfia um dedo pelo cu…

O homenzinho quase lhe dá uma dentada quando vê o que ela está a fazer. É talvez provável que já tenha ouvido falar desta forma de aquecer a coisa. Mas não pára de bombar… nem por um segundo… E monta-a numa cavalgada louca.

Fá-la manear-se, aquelas mãos nas nádegas, e quando ele emite urros como um índio, ela salta como um coelho a que tivessem ateado as pernas. Agita os braços e, subitamente, dá um grandessíssimo VEM-TE, e abana-o com força de leoa.

Pum!!! O homenzinho grita que se está a vir, que tem o leite encaroçado que os seus tomates se estão a esvaziar de dentro para fora… Tem a leve sensação de que a Bochechas deu um empurrão qualquer coisa que valeu a pena…

«Tu vieste-te meu cachorrinho?» É o que a rapariga lhe faz saber e repete a pergunta em simultâneo. Ele fixa os olhos, subitamente, nela… a rapariga leva as mãos à boca, sorrindo. Mas ele conserva-a lá dentro… ata-lhe as mãos atrás das costas e deixa-a sorrir aberta como lhe apetecer.

Quando se relaxa, já está de novo em marcha.

Apresenta-lhe os parabéns pelo desempenho, vestem-se e seguem à saída.

É claro que vai um para cada lado.


FIM

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