Wednesday, September 15, 2010


CONTOS DE RATAZANA
__________________



Panquecas, Thor e Piranha …


Panquecas foi até ao meu negócio e, não me encontrando, deixou um recado dizendo que podia ir ter com ela ao café da esquina. Vou até lá e topo-a a uma mesa, na companhia de uma esquelética de cabelo russo, de ar tuberculoso que lhe tem andado a fazer uns gajos.

«Ando a matar-lhe a fome», desabafa Panquecas, enquanto seguimos de regresso ao bar. «Mesmo estando a sala cheia de mulheres, vais encontrar mais esqueléticas sentadas nas várias mesas. O bar é como se fosse um abrigo… achas que elas têm alguma inferioridade de estar sentadas à beira umas das outras?»

Não preciso pedir satisfações a Panquecas o motivo da sua visita… passa a porta ligeira à minha frente, maneando o cu magrinho e rebola-se ainda mais quando topa que o estou a fisgar. Procura um cabrito e aqueles olhares na sala ainda lhe provocaram mais desejo. Enquanto lhe tiro o café, coça-se ela o pito… Fazia questão de me vir visitar há mais tempo, diz-me ela, mas o amante tem-na mantida em respeito… e ultimamente ela tem-se sentida obrigada a satisfazer-lhe alguns desejos para com ele devido a certas escaramuças…

Por acaso uma das suas escaramuças não se chamará Thor? pergunto-lhe. Oh… Thor, aquele javardo muito íntimo e muito doido? Panquecas tosse forte, passando a língua pelo primeiro gole de café e enfia-lo na boca. Sim, Thor tem andado a arranjar-lhe conflitos… ele e a outra, aquela piranha brasileira, muito piranha… São ambos tão javardos… e tão bem-parecidos: mas tão boémios e tão problemáticos…

Panquecas trás um penteado em madeixas e tem vestida uma blusa tão justa que as mamas parecem duas iscas chapadas… e a saia é tão justa nas ancas que ao andar, as pernas, fazem um encosto… Apalpá-la conforme está vestida, é precisamente o mesmo que estivesse sem nada.

Panquecas começa a fazer perguntas. Para Thor, diz ela, raparigas como ela e a outra, Piranha, são uma droga. Tal como um pândego, Thor gosta de engatar raparigas muito rotineiras, fazer-lhes festas, contar-lhes falsidades maravilhosas e seduzi-las; viciá-las em suma. É um jogo, igual ao dos pândegos, apanhá-las na hora, experientes, e ensinar-lhes outros vícios… Mas em Piranha, Thor encontrou uma parceira… aquela cabra matreira é tão imaginativa, se não mesmo tão esperta, como ele próprio, e está a pervertê-lo com uma perícia impressionante. Assim, Panquecas e Piranha, rivais do mesmo ofício, bebem com sofreguidão tal como os alcoólicos bebem com sofreguidão. Acompanham-no toda a espécie de bebidas porque eles são calejados… mas quando se colam os três a beber, Panquecas, Piranha e Thor, são esponjas e sequiosos; bebem como gente grande, não como principiantes, ligeiramente, mostrando por vezes, os apetites…

Esta história não está bem contada e Panquecas não revela mas também entra nos jogos com marmeladas, mas por enquanto tem-se mantido mais como espectadora do que outra coisa… porque é a gaja de Thor. O rótulo do vício é muito complicado…

Panquecas cansou-se de ser gozada na mesa. Puxa o colarinho para cima e encobre-se mais, ao mesmo tempo que saca do cigarro e tira duas para se relaxar. Quanto engole duas puxadas de fumo para dentro, embala-o para o ar e manda a cabeça para trás da cadeira. Quer que ele a leve para a cama. De que lhe valeu fornicá-la durante toda a noite, fazê-la num autêntico oito, ouvi-la gemer centenas de vezes se não satisfaz a ela? Portanto lá se vai as forças, sob a qual não há nada a fazer, a não ser Panquecas… É assim que eles se encontram quando Piranha surge na sala…

Panquecas sabe que se trata de Piranha só pela sua maneira de entrar… Mas eles nem sequer têm tempo para fingir que não estão juntos, pois Piranha entra por ali dentro, e Panquecas e Thor estão ainda com as pernas coladas e as bocas abertas...

Oh, oh... Piranha é como se sambasse em volta da pista… Romance! Romance! Não esperava que viesse encontrar aqui tanta gente e ainda mais Panquecas… Teria esperado outra altura se soubesse que ele estava acompanhado.

Panquecas desequilibra-se da cadeira e põe em causa a sua segurança. Está furiosa porque imagina que Piranha irá tentar levar o Thor, e ela não queria que Thor saísse com ela… Devia ter ido à bruxa fazer uma reza, diz ela… Não adiantaria de nada… se Piranha o quisesse levar podia fazê-lo através do telefone ou recorrer à pestaninha pelos tascos à procura do carro.

Piranha entra para a mesa… não está nervosa, certamente? Nem assustada? Afinal, foi aqui que se conheceram uns aos outros… o tempo dos tremeliques já lá vai… Panquecas fica branca quando Piranha toma a palavra…

«Mas, Panquecas, tu ficaste-me c´o homem… eu fiquei sem ele… Porque é que havíamos de estar lixadas uma com a outra? Já o vi fazer coisas semelhantes ou bem piores do que esta! Oh, havia de o ter visto, uma noite, no Cais da Ribeira, comigo à beira…» (Isto pra mim.) «Excitou-se tanto que não havia maneira de parar de apalpar! E coitada de mim… já me tinha vindo, mas foi uma verdadeira tortura ter que levar como ele pesado como chumbo, a meter-me os dedos por todos os buracos do meu corpo…»

«Finalmente vi-me obrigada a agarrar-lhe na flauta e tocar-lhe uma à força», declara Piranha, «e deixá-lo apalpar-me à-vontade, enquanto lhe fazia festas nos tomates até que ele se veio.» Toca-lhe no braço com a mão, estende a mão para o seu copo de uísque e mexe-lhe o gelo. «E teria sido um desastre para nós se eu não o tivesse obrigado a conduzir a dez à hora por aquela estrada secundária às quatro da madrugada…»

A Panquecas não lhe agrada o gesto grosseiro com que Piranha mexe no gelo com o dedo. Apanha-a distraída e saca-lhe rapidamente o copo, põe-se a beber um bom trago. Se Piranha vai contar histórias para mim, diz ela, então que conte uma que mereça registo. Puxa a mão de Thor para cima e põe-na sobre a rata… quer que ele lho coma, diz, e quer que Piranha o testemunhe…

«Vês, pedi-lhe para me comer… vai fazer um cabrito, se quiseres… podes fazer tudo o que te der na real gana, menos fodê-lo… e também te podes ir lixar!»

Tento pôr água ao lume… não estou interessado em ter duas putas à bulha aqui no meu bar. Esperemos, se elas se acalmarem e beberem uns copos, tudo isto pode passar para trás das costas…

Panquecas diz que não há nada a passar para trás das costas… é tudo tão simples como ela se chamar Panquecas… Piranha quer que ele a foda e ela quer que ele a foda a ela. A escolha é dele…

Piranha não se incomoda. Está tão habituada a assistir no bar a cenas baralhadas, lordescas, que deve achar esta meramente como um simples conflito de palavras. Com Panquecas ainda a falar, Piranha inclina-se para a frente e acaricia-lhe uma das brancas faces lisas... Quem lhe dera ter uma pele daquelas, suspira. Sabe como há-de pôr Panquecas de boa disposição… passados sete minutos estão as duas sentadas no assento do carro, encostando as pernas uma à outra enquanto ele liga a ignição.

Thor não se pode queixar. Se puderam serenar as suas iras, nesse caso também pode comer as duas, e sem a mínima dificuldade. Com duas putas que não se conhecessem uma à outra nem a ele não seria fácil, a menos que estivessem todos mamados, mas estas duas mulas conhecem-se bem e conhecem-no a ele, e vão aproveitar-se certamente dos solavancos que para ali vai.

Piranha quer alinhar. A três ou a dois para acabar bem a noite, sugere… um programa de lambidelas, e depois cada uma goza como quiser. Panquecas mostra-se cautelosa… suspeita de um jogo de putas e não alinha nisso quando Piranha quer provar os seus dotes de mineteira. De qualquer modo Panquecas não parece ser a pessoa indicada para fazer parte do jogo.

Panquecas puxa rapidamente do cigarro, no que é imitada por Piranha. Ficam à espera que uma dê lume à outra, mas vai no Batalha! A seguir, fazem beiça uma à outra, de bico fechado a votar fumo para o ar... Podia-se julgar que eram duas desconhecidas a caminho da peregrinação do silêncio. Olham as duas para Thor como que esperando que pare o carro, sinal de que o programa pode começar. Fica ali parado num refúgio da estrada, com os olhos esbugalhados e o pau em pé. Sente-se em forma…

Piranha estende as pernas para a frente, metendo as mãos entre o meio. Panquecas encolhe-se no assento. Esta viagem não é suficientemente divertida para o seu gosto, explica ela com ar sisudo… a seguir, dirige o olhar em direcção de Thor. «Duas para aviar!» É o que fica na ideia… deviam ter os dois combinado para a levar à molhada…

Panquecas já está fria, mais meia dúzia de quilómetros e começa a gritar. Não está programada para este show, quero dizer, consola-se às vezes com outras gajas e ela alinha. Mas Piranha já é, de algum modo, uma profissional… deita-se e bombeia sexo…− acorda e já o sexo a fez bombear − enquanto lhe suga os leites e lhe enfraquece o esqueleto. Os seus olhos não desarmam o corpo de Sónia… enfia a mão sobre o joelho de Panquecas e massaja-lhe o osso… espreme-lhe uma espinha da perna de Panquecas até esta mandar rapidamente com o pé contra a consola, e os seus olhos tornam-se víboras.

Thor espeta para fora um grito como um macho dorido. Está inchado de desilusão, apático e cheio de frustração. Chispa no pedal para que elas ganhem mais adrenalina, para que a brisa lhes refresquem um pouco.

Panquecas tem estado sentada sobre Thor enquanto Piranha a apalpa aos poucos. Mas agora Piranha está a passar-lhe o dedo pela espinha, e Panquecas sente-se para pior. Piranha provoca-a… acerca a boca do mamilo esbranquiçado de Panquecas, mas não lhe chega a beijá-lo… Panquecas passa-se…de repente agarra a cabeça de Piranha e encosta-a contra o vidro da porta.

«Pára, minha fressureira!»

O caldo entornou-se. Piranha é uma mulher de raiz diabólica. As suas mãos envolvem o pescoço de Panquecas e a língua aparece fora da boca de Piranha. Tendo os olhos escancarados, a expressão faz lembrar a vampira pronta a chupar a vítima, a vampira que há muito tempo não come alguém. Ela não chupa, ela não morde, ela não fode… e tudo aquilo que não faz contribui para a enfurecer numa pequena fera. Thor tem receio que a perrice de ambas contamine a possibilidade de lhes saltar em cima… Raios, a este andar vão-se as duas jogar à mocada.

Mas Panquecas sabe até onde ir. De súbito ergue os olhos e avista um posto da PSP a aproximar-se, deixando Piranha perplexa e a mover os olhos para trás e para a frente. Volta-se para Thor e mete a mão sobre a chave na ignição, para o obrigar a parar o carro.

«Pára esta merda! Pára esta merda!», grita ela… e antes que ele dê conta do que está a passar, ergue-se e passa na frente de Piranha, deitando a mão ao puxador da porta… «Pára antes que eu a desfaça contra a porta!».

Os olhos de Thor estão pasmados quando ela se manda… tal como pasmada está a sua cara. Abana a cabeça sem sequer entender como chegou aquilo àquela situação. Ela desce do carro e afasta o cabelo dos olhos… quando anda, maneia-se toda; não há uma única parte do seu corpo que não se movimente… já lamenta o facto de Piranha e Panquecas ter vindo juntas numa viagem daquelas… para mais, quando elas não se dão, nem por molho de tomate…

Piranha está gostando. Tem os olhos pequenos e brilhantes, e chega o cu para o espaço aquecido que Panquecas deixou no assento; rindo-se enquanto a vê afastar-se. O que ela não contava era com a deserção da comadre Panquecas! exclama ela. Aquela magricelas adoraria vê-la fora da carroça! Pobre da magricelas… tem de conhecer mais erotismo além do que já conhece… Ela nunca viu um homem a foder duas putas…

Thor coloca-se ao volante e põe o carro a andar na estrada.

Piranha, pelos vistos, espalhou-se a fazer umas cócegas a mais… Thor quer saber se aquilo que houve entre as duas é algo mais do que isso. Vou para a cama com todas, como ela diz?

«Claro que vais», responde Piranha asperamente. «E também comes as amigas de Panquecas! Comes, sim senhor! Panquecas não me vê com bons olhos, mas vai acabar por me ver…»

Thor tem os olhos inchados, pois já há muitas horas que anda às voltas enroscado nelas como se fosse um aparelhador, mas está demasiado quente para se libertar. Piranha está a coçar-lhe os tomates… coça-lhe os tomates e mete-lhe a língua no ouvido. Não há nada que não faça, aquela mula sabida… Ferra a orelha de Thor… ouve-se vários tipos de gemidos. Troca os tomates pela gaita e toca-lhe meia… suplica que imobilize o carro só um instante… um instantinho…

«Deixa-me fazer-te um bico!», intercede Piranha. «Faz o que te peço… tenho comichão a valer…»

O motor pára de trabalhar. Thor está com a gaita meia fora das calças e Piranha está a chupá-la. Os seus grugulejos duplicam-se com o movimento e ela começa a falar-lhe… depois a sua mão discai um pouco e abarca também os guizos de Thor. Está a gozá-los a ambos em simultâneo, e a despeito dele ter o mastro a meia haste, ela não se detém.

Por fim já não sabe onde está e quem o está a chupar… geme que se está a vir… dá-lo com força, até as peles avermelharem… e o mastro explode. A seguir regressa ao volante. Agora o mastro tanto lhe faz… está demasiado grogue para se levantar, mas soube bem dar conta do recado.

Thor devolve Piranha ao seu domicílio… depois, finalmente deixa que os lençóis lhe resguardem as últimas forças…