Wednesday, April 23, 2008

CONTOS DE RATAZANA


                                       O CAVALHEIRO DE TESÃO
                                                           ~~~

Não quero embebedar-me. Hoje levei meia dúzia de garrafas de uísque para casa... duas já foram aviadas e desfiz-me delas. Não tinha notado que estavam a escoar-se, que o álcool se tornava progressivamente mais fraco para aguentar a sede... mas já se foram e só as tinha comprado há uma hora ou duas... quando ainda estava para ver o futebol na televisão, é claro. Em que outro programa a não ser o futebol se pode beber uísques a quantidades de granel que se evaporam primeiro do que a pessoa que os bebeu? Mas o tempo cura. Estes gajos da vida da noite que nos dizem que não se importam de apanhar a piela e dar duas, ou cinco ripeiradas... como é que uma besta pode dizer uma asneira dessas, minha sorte? Há tempo para tudo e muito mais e contanto que se esteja a mexer é impossível a alguém cansar-se de não fazer o que lhe der na real gana... Saio e vou à procura de prazer. Entro no O Bar do Traidor. A chavala da Panquecas vem coçar-se no meu casaco após uma troca de olhares. Está cheia de vícios, até às unhas, ou mais... agora é o lesbismo que a atrai. Fala de cabelos, brancos e russos, das Mulheres-Homens, de pentelhos e não pentelhos, de sensabilidade fêmea... Oh, ela tem tudo bem estudado, conhece todas as palavras e fala tudo tão rápido como um papagaio que tudo me leva a crer que não tenha o caco avariado.

Decidiu que já reuniu informações a meu respeito que lhe faço parecer um cavalheiro de tesão e espera um dia chegar a sua vez de me comer. De mim, ouviu ela dizer, mulheres houve que levaram uma ripeirada de engravidarem! E como seria maravilhoso poder ir para a cama comigo, ser acompanhada por, digamos, Panquecas, ou outra gaja que, por motivo de atracção, etc., é inacessível de qualquer outro modo. E ela vibra com esta treta! Tem andado a ver montanhas de filmes eróticos, diz-me ela, e a Panquecas está excitadíssima. Saberei eu, por exemplo, interroga ela, que há, nesta cidade menos de cinco dedos de casas eróticas, cujas clientes se perfilam à adoração do Antipénis? Fala de seduções e joguinhos, e vários utensílios utilizados para fins de prazer e realização sexual. Cos diabos, ao ouvi-la falar quase me convence que todas as noites avia marados e tarados. Até a Panquecas faz a sua entrada na mesa... esgotou as listas nos dois celulares dos grandes senhores da foda de todas as épocas e diz-me que só no Porto existe menos de cinco locais de encontros afrodisíacos que funcionam de noite. E puxa por mim: «Então, Sr. Rui, hoje não vai dar uma rapidinha? Abano a cabeça, simplesmente.» É impossível ir para a cama com uma mulher que não me diz nada ao instrumento. Mais depressa me enrolava com uma rafeira esfomeada. Para ser sincero, estou contente por ela se ter posto ao fresco e mesmo depois de ela ter saído da mesa aindo sinto o vazio que deixou. Não são pancas e taras que me chateiam.

Torres dá também o seu mote para o meu dia! Torres e Panquecas! O industrial da construção que Panquecas gosta de levar para a cama com desejos ardentes, mais ardentes que outros, quanto está só a viver em casa... sente saudades do tempo e sofre daquela doença que faz as amantes sentirem que uma pessoa que tenha estado por dentro da vida um do outro é um amigo para brincar e troçar com toques de ternura e confidências. Por conseguinte, Panquecas anda a dar umas curvas com ele. Não é tão chança como eu pensava... talvez porque tanto ela como ele se sentem divertidos... fizeram a ronda pelas tabernas da periferia. Também não é muito nova... nem percebo como é que ainda não se cansou de aguentar Torres... ele está a ficar pantomineiro... Ele encosta-se-lhe à perna, dá um tremido para ela, mesmo ali à minha frente, e ela aproveita a dar-lhe um beliscão e olha, fixamente, para ele. Torres parece ter decidido que esta noite é mais uma noite para a tourada... há alguns dias que anda a tentar apanhá-la com a chavala que já fez tudo, excepto dizer abertamente para ela trazer a chavala que quer montar as duas. Começa a provocá-la... mete-lhe a língua na orelha, roça-lhe com a mão nas mamas... Ele está a querer que ela aqueça... e parece-me que ele a quer tanto para o seu próprio prazer como para aquecer Panquecas. Oh, ela é uma sabida na matéria, a esse respeito não restam dúvidas. Enquanto isso, a chavala... a chavala afasta-se e desaparece durante uma meia hora, até voltar ao nosso convívio outra vez...

De súbito soa a campaínha da porta do bar e é a meia-irmã de Panquecas.

Voltou do café e trás um pastel para Panquecas que ela não conseguiu comer hoje porque acordou tarde. A chavala regressa também e recebe ordem para dar uma dentada no pastel. Senta-se e faz olhinhos... um pequeno sorriso é tudo o que preciso para a compreender... Aquele pequeno corpinho, deixa-me o pau em sentido que podia pô-lo em exibição... Ofereço-lhe um copo de licor de pêssego e depois ela contempla-me de alto a baixo exibindo o seu primeiro sinal de compromisso em toda a noite. Depois Torres e Panquecas sentam-se e agarram-se um ao outro. Torres fica de frente a olhar para mim, no sofá. Talvez não fosse má ideia irmos os quatro para o cardenho e estávamos mais à vontade! sugere sarcasticamente. Porque é que elas não nos fazem aos dois ao mesmo tempo? Deve estar mais embriagado do que eu... de certeza que sente uma certa temperatura... Panquecas solta uma valente gargalhada. Mas ele ri-se também... os dois desatam a rir, a beberam um copo pelo dito e a chavala faz-se tímida e está bonita.

«Porque é que tu não lhe saltas...? Oh, pá, estás à espera que ela te diga», pergunta-me Torres. «Leva-a para a cama... Eu não me importo. Mas eu gostava de a fazer com a amiga, para ter o prazer de saber o que é que elas têm para me dar que eu não saiba?»

A chavala tosse convulsivamente, colocando a mão à frente da boca. Tenta mostrar um ar alegre... uma coisa que a tosse não a deixa disfarçar. Panquecas carrega o sobrolho... talvez pense que Torres está a querer ir um pouco longe demais... mas estas gajas podem ir bastante mais longe de que isto. Repentinamente a chavala abre a blusa e mostra-nos os seios que emolduram o corpo. É como ter um raio potente dirigido subitamente na nossa direcção, quando ela nos mostra aquilo. Quase que os esfrega no nariz de Torres. O que é que há de mal com eles? Quer ela saber. Ser pequenos... ser descaídos? As duas coisas, digo-lhes eu, o que a faz morder o lábio. A chavala fecha subitamente a blusa, e lança-me um olhar reprovador. Torres quer divertir-se. Para a família, ele está muito longe de casa e, nem sempre isso acontece, segundo nos diz, pode fazer o que muito bem lhe apetecer. Torna-se altamente vendedor de programas ao programar uma farra nocturna. Por fim volta-se para Panquecas. Se ela quiser alinhar num quarteto, vai ver que não se arrepende. Panquecas manda-o enfiar o dedo pelo cu acima... mas realmente não há razão para nos divertirmos.

Não estou muito pelos ajustes de desejar despir as calças com este par por perto... mas ele mostra-se resoluto com tudo. Convenço-me que o seu interesse se centra mais em Panquecas. Está uma pequena confusão na mesa desde que Torres chegou... oh sim, ele pensou mesmo em comê-las, simplesmente a Panquecas não vai no jogo! Mas não é fácil fazer uma coisa destas quando uma parceira não alinha... mas ele nunca vai desistir de as fazer. Porra, não vou ficar aqui feito pateta a ver estes doidos a reinar! Mas estou com uma força no pau que parece fazer parte dos meus bons tempos e se não como a chavala provavelmente vejo-me obrigado a sair e a pagar a outra puta... encosto-me a ela quando se encosta para mim. Esfrega a mão contra o meu instrumento e puxa-o para a frente para medi-lo ao comprimento. A chavala está tão louca a ser levada para a cama como eu estou para a comer... as suas mãos ardem e o suco escorre entre os dedos. E o seu olhar... é uma maçã ardente e cobiçosa... Sinto-me como um homem prestes a entrar na lua quando lhe passo a mão na rata. Ela abre as pernas e firma-se como uma santola. Levanto-me para ir à pensão à procura de um quarto. Torres agora olha-me admirado. Certamente não contava eu ter uma reacção destas. Explico-lhe o porquê. Tens aí uma gaja para fazer cócegas à barriga. Para mim, é agora ou nunca... há tantos dias que ando a tentar comê-la, que agora não me escapa. Oh, My God, fodi-a no quarto 11, no andar de baixo da pensão, em cima do velho móvel da roupa! A chavala está sentada de frente, firme como uma rocha, enquanto lhe tiro as cuecas... e atraio-a a mim e beijo a sua boca mais uma vez... e antes que ela tenha tempo de arrefecer eu monto-o. Monto-a ao estilo de Marlon Brando e começa a dar gemidos tão altos e roufenhos, que eu temo que o homem da recepção apareça com a polícia e me leve para a choça.

Que loucura! A chavala agora grita que lhe está a chegar o orgasmo... Eu estou tão roto que a única coisa que posso esperar é que ela não expluda. A chavala está demasiado concentrada a imaginar-se com o cavalheiro de tesão e só abre os olhos quando me venho e ela, também... Ah! que gozo, parece que o mundo inteiro está a ter um orgasmo!