Friday, April 14, 2017





Abraão, conhecido contador de histórias e autor de música popular, vem desabafando com os seus amigos nas redes sociais, sobre os assuntos de política, sexo e futebol. Há dias, ele se saiu com uma sugestão tão estapáfúrdia que talvez possa até ir ao encontro. Ele comentou: "Acabo de ler na televisão notícias da bronca de Dijsselbloen, presidente do Eurogrupo que comentou que os países do Sul da Europa utilizavam dinheiro dos empréstimos à banca em vinho e mulheres. Talvez fosse melhor deixar o senhor Dijsselbloen provar um bom vintage que fale português enviar ao seu paladar insabido uma colheita especial daquele vinho Monte Velho determinando-lhe que o prove em casa... deixá-lo saborear essa casta única e se julga que as nossas mulheres não são das mais bonitas do Mundo é porque nunca esteve cá. Faça favor de corrigir a sua linguagem.»


Cliente para o Psiquiatra:
- Estou cá com um problema, senhor doutor. Casei-me à três meses, mas não estou satisfeito com a minha mulher.  Desconfio que ela é muito friorenta. À noite, agarro-me a ela, parece um pinheiro. Vou para a beijar e também não consigo beijá-la porque os seus lábios parecem gelo. E passo a noite nisto ... apalpo aqui, apalpo acolá.
- Deixe o caso comigo - aconselhou o psiquiatra. - Venha à consulta quatro vezes por semana, durante um ano. Vai ver que isso passa.
 - E quanto é cada consulta, senhor doutor?
- Não é muito... só duzentos euros.
- Tanto? Vou pensar...
Mas o cliente nunca mais apareceu no consultório. Três meses depois, o psiquiatra, por acaso, encontrou-o na rua.
- Então, nunca mais apareceu no consultório? - perguntou.
- No consultório? Desembolsar duzentos euros? A dona de uma casa de tia curou-me com uma saltada.
- Como? Explique-se?
- Aconselhou-me a arranjar uma amante.


                                                 FERNANDO ABRAÃO  "RATAZANA"


Faz hoje ao certo sessenta e nove anos que o autor deste livro acabou a sua terceira obra dedicada à piada e ao conto. Quase cinco décadas de sarrabiscos e mais de quarenta livros guardados ao fundo do quarto numa velha arca de esqecimentos. As suas obras, porém, não foram notadas pelas editoras, excepção feita aos seus amigos-personagens dos seus próprios contos e até agora há poucos meses apareceu um amigo-personagem para levar um fabuloso exemplar da sua obra-prima "Escritos Traidores". Reza ainda aqui o seu dito corrente, esse desconhecido autor que se emborcou de contos na sua casa em Arca d´Água, no Porto: «Os Desconhecidos não contam.»  


No comments: