Wednesday, October 23, 2024

 

Fascículo 3 – O Mundo da Noite

Autor – Fernando Abraão

Personagens – Zi, Rosinhas e Cabide

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Storyline

No final de 1979, O Mundo da Noite assistiu ao aparecimento de duas jovens ainda em fase menor que recompensavam o desaparecimento das mais velhas. A encantadora Zi e sua partenaire Gilda, foram na aventura de sair de casa. Deixaram um emprego de vendedoras de cosméticos para se decidirem no mundo da noite e, na devida altura, Zi mostrou a sua destreza de «caça-copos», ao lado da sua partenaire Gilda. A outra imagem de gaiata de Zi valeu-lhe a aparição de

clientes idosos, apaixonados pela sua inquietude. Um seu apaixonado, curtia o ditado, - O amor e uma cabana faz crescer a barriga na cama. Rosinhas era o seu nome, e passeava pelo quarto da pensão.

                        Rosinhas: - É um bom quarto – disse ele. – E tu gostas dele, sabes perfeitamente que não te falto com nada. Três meses… Um ano…. Vou viver assim com a miúda que eu gosto.                                                                                                                                                         

A aventura seguiu de vento em popa. Mais tarde perguntei-lhe:                                                                                                                                                             

                        Patrão do bar – Explica-me como é possível, uma miúda franzina que pesa quarenta quilos consegue deitar-se na cama com um homem que pesa mais de cem quilos!

Ela pôs os braços em redor da anca.

                         Zi: - Eu cá me arranjo – diz Zi – eu nunca deixo o monstro saltar para cima de mim porque, senão parte-me cá os meus cacos todos; quem salta para cima dele sou eu, como faz no filme Emanuelle.

As suas palavras fazem lembrar o provérbio do cliente Roscas: ´Oh rapaz, por cima ou por baixo não interessa, o importante é a pequena não ter cuecas para um homem ficar logo doudo`…

Um ano depois, Zi juntou os trapos com um gerente noturno conhecido pelo Cabide, indo viver para um andar perto da ponte D. Luís I, em Vila Nova de Gaia. A um dia de sexta-feira, depois de um dia de trabalho terem chegado a casa de madrugada alta, houve uma discussão violenta; as vizinhas ouviram-nos atirar com coisas para o chão e gritarem obscenidades um ao outro. Um transeunte juntamente com uma vizinha, observaram de fora do prédio, quando Cabide pegou em Zi, sem etiqueta, elevando-a ao ar para fora da janela e levantando-lhe as pernas para cima da cabeça. Tinha gritado a Zi que desta vez era um aviso, mas para a próxima, que a deixava cair. Pouco tempo depois, as vizinhas juntaram-se e subiram ao andar, e bateram à porta.

                         Vizinha: - Zi, você está bem? - E Zi aparecendo, esbranquiçada e de cabelos eriçados à porta, replicou: - Estou, vizinhas.

A vizinha à frente retorquiu:

                         Vizinha á frente, insinuando para Cabide: - Ó senhor, deixe a rapariga em paz e mande-se daqui, antes que chame a polícia…

Mandaram o Cabide sair da casa completamente arrasado, depois que as vizinhas tentaram confortar Zi. A vizinha à frente, explicou:

                          Vizinha à frente: - Mandamos o seu homem sair, porque queríamos que você ganhe cor.

Dois anos mais tarde, Zi e Cabide separaram-se. Em 1985, decidiu desistir do alterne e meter-se num negócio se sapatos e roupas com uma amiga das lides, gerindo ambas o negócio a meias. Zi vivia para o negócio, embora este já tivesse

suplantado muitas das suas expetativas.

Num sábado Zi, já sem companhia da amiga deu uma festa na abertura da sua loja de sapatos e roupas na zona central da Maia. Mais de cem pessoas foram visitá-la no seu atelier da moda, e não deixaram de lhe dar as maiores felicitações. Concluiu-se que possa lá ter estado os seus queridos amigos até para a cumprimentar e ligações ao negócio. Uma teoria sobre o seu sucesso apontado pelo fofoqueiro Jornal dos Traidores, é que ela foi bafejada pela sorte, que já estava a tirar proveito devido às suas antigas amizades ligadas ao mercado.

Segundo esta teoria, Zi convenceu um amigo a levá-la à feira de Milão e lá estabeleceu contatos para trazer gravatas e vestidos a preços apreciáveis, enquanto por cá, via o seu negócio florir e as vendas a aumentar. A própria Zi nunca fez assomo disso depois do seu crescimento económico e desistiu de outra loja negativa, em 1983.

Quer tenha tido sorte pelo destino, ou por qualquer dom que a levou ao estrelato deixando a sua estrela brilhar, parece restar poucas dúvidas de que Zi foi das poucas mulheres que passaram pelos alternes e saiu triunfante.

A sua loja continua a ser um sucesso.