Tuesday, May 25, 2010


CONTOS DE RATAZANA
_________________


DOIS HOMENS
E
UMA MULHER
~~~


O cliente do Algarve está no bar com uma garrafa e tem em cima do cabelo uns óculos de sol. Pousa o seu Armani e chama as gajas quando eu entro na sala, mas nada se avista.

«Eiiiii… Não há gajas», resmunga o algarvio. «Estou em jejum, pá!» E o dono do bar manda ele ter calma.

Não se lembra muito bem há quanto tempo está ali, mas o tempo está por conta dele. Vou até ao quarto de banho e como estou um pouco apertado, mando um telegrama, ou coisa que se pareça.

Depois ouço ruído da campainha e saio para ver.

Assim que me encontro na sala, dou de caras com Pataco.

Tem andado a ver se me apanha o espertalhão, segundo conta, e está num estado de excitação tal que quase não consegue dar uma prá caixa.

A excitação é tanta mas primeiro tem de tomar um café conjunto com água para me pôr ao corrente do que se passa… sentámo-nos na mesa do centro, e aí cavaqueámos.

Acontece que a minha amiga empregada de balcão de nacionalidade estrangeira, apareceu a servir Pataco. Não trouxe o café como ele queria, mas foi tirar outro… uma maneira dele a fazer voltar à mesa. Pataco, com os olhos arregalados nela, quase verte o café e insiste em propor-me sociedade entre nós os dois e a empregada de balcão...

«Imagine você, aquela grandona ir ser nossa sócia», graceja ele. «Minha mãezinha, não imagino o que é que pensavam estes ambrósios quando tocassem à campainha e nos vissem os três ali ao balcão… Deviam pensar logo que nós andávamos a roê-la… Olhe, veja bem esta espingarda… o que é que um de nós faria na cama deitado com ela? Oh, meu, eu não acredito que ela seja uma pura? Não acredito?» Engole o café num lance e pede outro e também uma bebida para mim. «Ouça lá, Novais, quanto a tesão como é que se sente hoje? Está com tesão?»

«Oh, pá, não tenho relações há mais de trinta dias e até tenho pena dos meus tomates… mas quando lá for, vai ser canja…»

Encara-me serenamente, para ouvir a minha resposta.

«Olhe, Novais, vou dizer-lhe o que me parece… pode andar você a rufá-la. Mas vai sobrar alguma coisa e depois salto-lhe eu em cima… Bolas, não preciso de lhe estar a contar isto, sabe-lo bem… podia muito bem vir a ser eu a comê-la. Mas não faz o meu tipo, Novais… Só que… alguma vez viu um corpo daqueles? C´os diabos, quem é que alguma vez não ouviu falar neste ofício de uma ucra que não desse uma abébia? Gaita, antes de a ver nunca tinha pensado rufar uma ucra …»

Tenho certas reservas sobre o que Pataco estará a insinuar mas não passa de muitas e variadas fanfarronadas… Está a intervir muito mais que aquilo que está constado no bar, e a única coisa que o dana é a nega dela em aceitar uma bebida dele. Mas tenho de dizer amém nos palpites de Pataco, se bem que não a tenho no meu imaginativo, e esta sociedade no negócio do bar é tão maluca que se torna impensável.

Resumindo, acabamos por fazer mais despesa…

Eis quando, mal tínhamos acabado de nos refrescar com novas bebidas, surge uma miudinha do estilo de um manequim, que não faz cerimónia para se alapar … mas os manequins não exibem mais daquilo que ela tem. Está tão contente por ter visto Pataco, diz ela… hoje tinha todo o tempo disponível. Dá todos os indícios de querer comer alguém, isto é, a Pataco, mas ele não se abre…

Após o segundo tawny port não há dúvidas… FB, como se denomina a miudinha, está a safar-se bem. Não há a mais pequena diferença entre o seu desempenho e o desempenho que qualquer outra miúda assumiria. Tudo o que Pataco e eu possamos dizer é extremamente giro, mesmo quando nós não temos intenções de ser engraçados.

Esta miudinha! É atraente, sentada numa cadeira que faz dela crescida, cruzando as pernas em forma de oito e puxando a saia curta para cima para nos dar uma perspectiva do que está por baixo… Olho para Pataco, Pataco pisca-me o olho.

Começamos a contar as excelentes histórias do bar… ela revela-nos algumas, e não deve ser preciso muito para nos contar a história do bandido… As histórias atinge-nos de chofre… num momento nós estamos a rir… no minuto seguinte estamos completamente remetidos no silêncio. Não aguento mais a vontade até me levantar para ir verter águas… Inclino-me da cadeira, de costas para Pataco e antes de perceber o que me sucede já ela estendeu a mão para a minha braguilha e apalpa-me a gaita, dando-lhe palmadinhas com movimentos semelhantes ao das mulheres quando escolhem legumes. É uma sensação surpreendente… esses dedos de bebé a fazerem cócegas na braguilha… Deixo-me ficar onde estou, sem retorcer e deixo-a divertir-se com a coisa.

Pataco manja a cena e dá um berro.

«Eh! Então e eu?», quer ele saber… e ela não pára de me mexer enquanto envia para Pataco o seu corpo de manequim… «Tu não me passas bola.» É como se Pataco tivesse asas. Deslocando-se com uma velocidade do Red Bull, salta da cadeira e senta-se no colo de FB.

«Não dês atenção a esse baixinho», diz-lhe. «Toma, apalpa este… Não é maior?» Puxa-lhe a mão e coloca-a sobre a sua braguilha. «Não vais querer outra… É aí… aperta-o, e vê como está a crescer.» FB salta uma risadinha e levanta mais a saia e revela-nos as coxas graciosas. Ele está é com ciúmes, diz ela… são ambos o meu tipo… E imediatamente Pataco quer ver as suas mamas e quase as põe de fora… Então vê que as maminhas dela são também umas maminhas muito pequenas…

Pataco deve estar chalado… acha que está num quarto duma pensão.

Mas FB não está ali só para se mostrar a nós… mostra-se antes para todos os pesqueiros da zona do balcão, de modo a poder pescar algum promitente interessado… Levanta a pestana e atrai meia dúzia de mirones… Pataco diz para ela ir à pesca − uma ideia que tanto ele como eu estamos de acordo. Então FB atira com a língua cá para fora, rodopiando de um lado para o outro… não vivo disto… E quando se prepara para abalroar outro porto, Pataco levanta uma mão, apontando com o indicador direito…

«Ouve… e que tal experimentamos a três?», propõe Pataco. «Tenho uma situação para te ensinar umas coisas… Que te parece? Podes tocar trombone nas duas gaitas ao mesmo tempo… está bem?» Fala para FB como se estivesse a falar para uma surda e não ouvisse muito bem as suas palavras. «Talvez seja demasiado interessante como gostas, mas há mais coisas que te quero ensinar…»

FB não o deixe pôr as mãos nas cascas…

Agora vou deixar-vos a roer as unhas, diz ela, e espera que não fiquemos aborrecidos… Bem… Apoia as botas de salto alto no mármore do chão e ergue o rabo… Caminha com subtileza, deixando a barriga à mostra, enquanto se rebola num estilo andante para atender um jeitoso…

Pataco e eu olhamos um para o outro… ela tem mesmo estilo. Exibe o seu corpo com bastante atracção… Lanço-lhe um bye-bye, antecipando-me a Pataco…

FB recosta-se no balcão e brinca com um jeitoso de olhar vesgo… e quando ergo os olhos para o rosto de FB para ver como é que ela se está a safar, a cabrita pisca-me o olho…

Acho-a comercial? Ainda está por aparecer a primeira gaja que me faça um preço de reformado enquanto estou no engate e quando isso acontecer as possibilidades são de dez para um em como vou acabar por descobrir que a tipa é manca e partiu a cabeça por cair da cama… É caso para perguntar se cair da cama é comercial… uma puta é uma puta e todas elas são comerciais... Mas FB é realmente uma cabrita porreira… Não faço qualquer restrição em lhe dizer que a acho um bom pedaço. É-se obrigado a elogiá-la, tal como se elogia um bibelô minúsculo, mas de uma perfeição absoluta...

Pataco está a ser chato à espera de voltar às falas com a ucra. Nesta altura já ela nos tinha arrumado a mesa e levado o serviço na bandeja, mas ele está mais interessado que ela aceite uma bebida do que propriamente naquilo que ela está a fazer…

Pataco fica passado, quando ela o olha com um olhar tão doce como se fosse um melão de Pedras Salgadas. A primeira coisa que lhe acorre perguntar é se ela trouxe alguma bebida para beber, mas ela repete-lhe que não tem autorização para beber no serviço… Podias fazer umas coroas, diz-lhe ele, só a tomar copos de licor, talvez com um grupo restrito de clientes para não dar nas vistas… Entretanto a ucra vai-me servindo a Coca-Cola e faz mudar o rosto de Pataco para a cor vermelha… A ucra podia ser um fruto proibido, mas não há dúvidas que tem, no brilho dos seus olhos um apetite devorador de fome.

Pataco quer levá-la para o balcão e pagar-lhe uma bebida.

«Vais ver que ninguém topa», assegura ele. «Bolas, é mesmo tomar um copo e mais nada… Até aposto que já te contaram muitos filmes meus. Olha, realmente eu não tenho uma fama por aí além… isso é um facto, mas se falarmos em questão de guitas, só o meu nome indica tudo. Pergunta ao Novais que ele diz-te.»

Tem levado todos estes meses a tentar meter-se com ela com uma linguagem que parece um bocado vocabulário brejeiro…

Não há a menor possibilidade dele lhe dar a volta… Se alguma vez, quando Pataco vencer a dele, a sua voz vai parecer um trovão a cair dos céus…

Mas não é uma sensação inteiramente nova oferecer bebidas às balconistas de bares e elas esborracharem-se nas mesas…

Pataco descobriu um motivo para se lamentar… Gostaria de lhe ter apanhado o número do telefone. Não quer dar o número a ninguém, segundo diz a ucra… tudo o que deseja é só o número dela no confidente da sua lista privada, de modo a lhe poder telefonar nas horas vagas, e também quando ela necessitasse. A ucra ofende-se. Que espécie de mulher julga ele que ela é? Mas isso não a impede de lhe sacar a gorja assim que o apanha pelas costas… Pataco e eu pomo-nos a analisar o ambiente e a ucra volta para dentro do balcão, mirando-nos a ambos…

Pataco senta-se, a esfregar o nariz… tenta, repetidas vezes, dizer qualquer coisa de jeito, matutando-se e olha primeiro para o rosto de ucra e depois para mim. É óbvio o que ele tem em ideia, mas Pataco está a tornar-se fastidioso… Por fim decide-se… levanta-se e aspira profundamente o ar da tarde.

Mas eu vou ter de levar com ele até que Pataco tire os mirones de cima da figura da ucra… ela continua a dar-lhe o nega com os copos, e estão ambos de costas voltadas.

Pataco pretende saber se eu vou ou fico. Faço sinal a Pataco para se mandar só, e ele, trocista, abre a boca e diz que me posso ir foder se não carimbo aquilo…

A seguir desanda dali para fora.


Tuesday, May 18, 2010


CONTOS DE RATAZANA
______________________




“UM ARROZ DE CABIDELA
E
UMAS RATAS…”
~~~~


Para uma pessoa do estilo de Miss Piggy, como era chamada pelos amigos, só havia dois possíveis remédios: jogo e cama. A experiência da vida deixou-a despassarada e solitária, mas capaz de encontrar alguém que está sempre á mão do telefone. Pega nele e faz umas tantas chamadas.

Não conhece o amigo novo do grupo de S. João da Madeira, mas está demasiadamente histérica para o conhecer com calma, mas se vier que traga os seus amigos, todos eles vão receber uma surpresa.

Américo… eis um porreiraço! Pelo menos, as suas piadas não são maçadoras, como alguns dos seus amorosos amigos. E desde que ele não cometa burrices, desde que não seja maçudo, nem seja forreta, a sua vinda parece ser bem vista.

Miss Piggy respeita os seus amigos, as suas frontalidades, e está-se borrifando para que digam mal dela… um grande número de pessoas que ela conhece já estão na meia-idade, tanto homens, como mulheres. Depois de fazer uma mão cheia de telefonemas, fica relaxada. Ainda descascada, aninha-se no sofá e abre uma garrafa de uísque. Toma um trago de lance rápido. É daquelas que necessita dum uísque para entrar num programazito… a erecção que tinha com eles tem-na também com elas. No seu afamado andar, com as janelas fechadas e as cortinas corridas, consegue por fim dar forma ao seu plano.

Piggy não pára de pensar… não deve nem pode, tem de se fazer à vida para atenuar os vícios que criou. O telefone acalmou-a um bocado; dá a impressão de ter ganho forças para fazer frente a uma manada de cabritos. Puxa o lençol para as pernas, e acaricia a pintelheira… não porque lhe coce, mas para se certificar se a rata ainda está no mesmo sítio.

Os amigos de Américo telefonam a sugerir que seria uma boa ideia se Piggy cozinhasse, em sua casa, um arroz de cabidela… não gostam muito de comer pito que não seja caseiro. Mas ela promete ser tão boa cozinheira como na cama. Agarra as roupas à balda, sai do sofá e afasta-se para a cozinha.

Às sete e pico… Marques, Sampaio, Pinto e Américo… saem do Mercedes e andam pela rua antes de tocar no botão da campainha, e aguardam três longos minutos enquanto ela procurava pôr o arroz ao lume.

Já não é a primeira vez que Piggy faz um papel destes. Sempre gostou de paparicar os amigos, mas dos bons… dos que pagam sem palrar se elas forem meigas na cama.

Piggy recebe-os entre sorrisos e beijos e leva-os directamente para a sala, armando a mesa com copos, gelo e uísque, e um sirvam-se à vontade. Depois, e quase ao mesmo tempo, surgem do quarto duas macacas com as mamas á solta mesmo em frente dos narizes deles, estremecendo como umas cortinas ao vento. Estupores, nem os deixam respirar, estas macacas… baloiçam os marmelos, com o interesse de os pôr mais esfomeados. A língua de uma delas começa a serpentear fora dos lábios quase se assemelha à língua de uma cobra… Um deles sente a tentação de ferrar os dentes naquela língua avermelhada que ela exibe, mas fica-se pela mirada.

Na sala, o ambiente está febril e elas continuam tão quentes como antes. E ainda os foguetes não chegaram aos céus, se bem que os calores já lhes tenham chegado acima.

Desde que Américo começou a brincar com a mulher que servia à mesa na sala, uma mulher chamada Rata, o tesão aumentou-lhe tanto como a cabeça de um touro e sente a cabeça da gaita como se alguém a tivesse dado com uma marreta. É uma erecção tão dura que, depois de se ter enfiado na casa de banho, rega-a com água fria e deixa-se por lá durante uns minutos.

Rata curte-o, mas tem as suas próprias ideias sobre como deve lidar com ele. Agarra-o logo e, antes que ele ferva, deita-o na cama e começam a fazer amor. Aquela Rata… depois de um início de aquecimento começa por lambê-lo dos pés à cabeça. Geme… podia-te comer em menos de três minutos, diz-lhe ela… mas ele tem formas para crer que não seria bem assim… puxa o lençol para debaixo dos seus pés e tira-lhe os óculos da cara.

«Gostei da rapariga que servia de empregada de mesa à sala, exclama Américo a Piggy… e pergunta coisas sobre ela por considerar a mulher com uma técnica levada da breca…

«Ela é casada, tem um puto… e nada do que faz chega aos ouvidos do homem… o homem julga-a uma mulher de muitos expedientes e sente-se feliz por ela trazer a carteira recheada de notas dias a fio…»

Depois de passar alguns minutos a mostrar-lhes como confeccionou o pica-no- chão, Piggy suspira de satisfação. Há alturas, diz-lhes, em que desejo comer um frango na churrascaria de que um frango do campo… Se o Sr. Sampaio não me tivesse pedido, hoje, não saberia o trabalho que me deu arranjar o pito caseiro… o meigo Pinto em linguado com uma das acompanhantes responde rápido… Sim, embora você saiba que nós vamos pagar bem por este serviço, como se estivéssemos a comer num bom restaurante do Porto.

Este é um dos pontos em que todos estão de acordo. Embora saibam que alguns seriam capazes de comer qualquer coisa para não saírem dali sem o privilégio de irem para a cama com as mulheres.

Caramba, a quantidade de arroz que ali há no tacho é surpreendente! Antes de pegarem nos talheres, Piggy pede-lhes para se agruparem na mesa aos pares. Ela com Sampaio, o estreante Américo com a surpresa Rata e Marques e Pinto com as duas parceiras.

Uma comezaina, naquela noite, sem umas fodas não é suficiente para eles. Eles metem mais duas colheradas de arroz à boca para poder beber mais uns copos de vinho… depois já estão finos para o circo. Deixam-se estar nas larachas, agarrados a elas a roçar o pau, espevitando-as e arranjando o programa dentro daquele ardor que sai delas… em seguida, agarram nelas, seguem para o quarto, e saltam-lhes para o pêlo…

A parceira de Marques não se contenta por chupar no caramilo e esperar pelos espermas… agarra as mamas e espeta-lhas na cara, pedindo-lhe que lhas chupe da tal forma que, por um momento, parece que as mamas botam leite. A parceira do lado põe os braços e as pernas à volta de Pinto e o seu sexo fecha e engole o pintainho…

Piggy fica em transe ao ver Sampaio nu de pénis erguido! De repente, ela rebola-se no soalho, trepa para cima dele, mete-se debaixo dele, e por fim, ele agarra-a de passagem, deita-a de cu e sente ela estremecer… Ela não pára de ser vir… e ele também não…

Em seguida, ao fumarem, Sampaio quer saber, se ela não é uma melhor foda do que Rata… Aquela-cara-de-chinesa-que-faz-do-pénis-gato-sapato, como Sampaio diz. Porque razão uma mulher como eu, tem ciúmes da maneira como Rata fode? Para amadores, sim, ele podia entender que os amadores gostassem de deitar abaixo a Rata… e ela não se ralavam nada com isso, até pelo contrário. Mas com homens já traquejados… não é ela melhor do que eu, que sou uma mulher de cinco artes, com tudo o que é bom no sítio para satisfazer o desejo de um qualquer homem, do que aquele peito raso, aquela fodita…

Como raio saberá um homem responder a um assunto desses? Rata, por si própria, tem a sua técnica… não se pode compará-las pelos estilos vulgares, porque não existe outras iguais, em parte alguma. Sampaio responde, perguntando a Piggy se não se sente enciumada pela atracção da amiga… Ah, mas isso é grupo! Se Rata não fosse minha amiga de verdade não lhe passava cartão nenhum… nenhum, mesmo. O que, evidentemente, é um dado adquirido. Sem dúvida que o facto de serem associadas por esquemas de engate favorece e apimenta a relação com uma tipa como Rata. Rata levaria qualquer um para a cama de Piggy sempre que lhe desse na real corneta.

Piggy continua a relatar em lábia corrida alguns dos casos mais emotivos dos seus episódios com a amiga… Parece que Rata conseguiu sacar à amiga todos os números interessantes de telefones dos clientes que Piggy conhece… e em troca ela cobrou algumas das suas próprias exigências. Todavia o que Sampaio acha de maior interesse na conversa é o facto de Piggy ter insistido com ele que na próxima vez, lhe fará um truá(*) com a amiga, ela e ele na cama. Tem-no na ponta do rebuçado. Claro que agora está tudo mais inflamado… mas se esta noite eu não tenho estado contigo, diz Piggy com um beliscão… ah, teria sido uma perda… sim, era uma perda, concerteza…

Mesmo sem nenhum deles se ter esforçado muito, Sampaio já se dava por muito satisfeito em estar ali esticado, dando uma troçada branda em Piggy, mas os seus planos são outros, e bem diferentes, certamente. Entusiasma-se… por fim trepa para cima dela e mostra-lhe como é que a maquinaria funciona na segunda. E proporciona-lhe uma bela troçada cheia de cagaçal e agitação… não há hipótese…

Tanto quanto dão a atender, Américo e Rata não se satisfazem só com uma foda. Pelo menos, não se comportam como se estivessem satisfeitos… da maneira como gozam a marmelada que gerem, dá a impressão de que estão em jejum há meses… Ele contorce-se como um dançarino de Chula com reviravoltas na cama… agarra-lhe pelo ânus, dá-lhe um beliscão e abre-lhe as nádegas… ela quase o atira da cama abaixo, quando ele começa a fazer-lhe cócegas na pintelheira em volta do recto.

Marques torna-se aéreo… passado algum tempo sem estar a montar, salta para cima da sua parceira e põe-se a espreitar para o espelho de aumento existente em cima da cómoda. Depois, aí está ele a mirar-se, e na primeira espreitadela que lança ao que vê lá em baixo quase acaba com ele.

Mas o que é ISTO, exclama, mas depois de ter continuado a olhar durante alguns minutos já o satisfaz cada vez mais.

Possui-a agora, decide ele, uma pichota muito fiel ao dono que se porta às mil maravilhas para incendiar fogos…

Ele quer ver o que sucede quando se vir, diz Marques… mas quando isso se verifica tem os tomates tão vazios que não acredita que tenha alguma noção daquilo que está a ver… Por fim fica silencioso durante alguns minutos. Está sentado no centro da cama, de cócoras e começa a falar do seu Sporting.

Nesta altura, alguns deles já se fixavam na sala mais aliviados. Estão sentados ao lado delas na mesa, de pernas abertas e a escorropichar a garrafa de uísque de modo a refrescar um pouco o alívio, e trocam opiniões acerca de Ratazana. É óbvio que falar nessa personagem os entusiasmam, apesar de uma delas lhes querer fazer crer que agora se sente descomplexada com tudo aquilo que lá passou… Ratazana foi um professor para todas as gajas do seu naipe, é sabido… seria completamente estúpido se o não fizesse… e se alguém no seu seio não tinha conseguido superar qualquer outra do grupo, fora por mera burrice, sem dúvida.

Eles manifestam interesse em saber quanto é que Piggy tenciona cobrar por cada um… Leva algum tempo a raciocinar Pinto da sua contabilidade, mas está convencido de que não vai ser nada barata, e depois de lhe ser dito o número da totalidade da despesa, ele começa a fazer contas mais uma vez.

Logo que sabem o que toca a cada um, Marques dá um salto da cadeira e desata aos berros. Tem ambos os olhos abertos sobre o nariz… Alguém o tenta acalmar, mas antes que ele faça mais chiqueiro, Piggy deita alguns goles de uísque para dentro do copo… só para o ver calado… Se isto se passasse com Américo, Pinto ou mesmo com Sampaio não teria tanto banzé… mas Marques é um tipo tão semítico e tão patinhas que a cena se torna engraçada.

Finalmente voltam às contas… se lhe deixasse uma gorja, talvez a próxima visita melhorasse, pensa Américo… Escorrega-lhe uma nota de cinquenta euros e Piggy ainda berra mais do que Marques antes… agora tudo o que eles querem é livrarem-se delas o mais depressa possível. Limitam-se a deixar-lhe uma de vinte na mão e a despedirem-se… despedem-se até ficar cansados, e quanto mais ela barafusta mais eles gozam…

Quando acaba por ver o tombo que leva na carteira, Pinto continua a fazer contas de cabeça e fica fulo… Então tem uma ideia que não é exactamente a melhor de todas as ideias imagináveis. Ainda tem uísque no copo para cima de meio, e antes que alguém possa imaginar, ele deixa cair umas doses de uísque para cima do pénis…

E de chofre, sem ter deixado a parceira perceber o que lhe ia fazer, pede-lhe para que ela lhe faça um vovó…

Assim que ela o chupa fica completamente extraviado. Puxa o cabelo, dá um palavrão do tamanho da Torre dos Clérigos e desata às gargalhadas na sala… está a passar-se, tem os olhos a aumentar, está a ficar em desacerto com os fusíveis interiores… mas adora-o o pinta… e de repente pára de gargalhar e envolve-se nos braços dela, rogando que lho chupe mais um pouco. Está a querer vir-se… quer que ela o chupe com mais força… Ouve-se uma voz engrossada… vê se é para hoje, pá, comentário dum deles...

São loucos, estes pintas… todos estes pintas da noite, sem excepção…. Dê-lhes o que lhes der, é fixe, é espectáculo…

Querem divertir-se à grande e à francesa? Ah, vão logo correr comprar uma fatiota! Ficam marados por tudo, e qualquer coisa que os mexe é altamente.

Não há outra explicação… nenhum pinta fecha bem a mala…



* Amor a três.