Sunday, January 18, 2009



PASCÁCIO VS. TESOURO DA FODA BOA ─ O TEMPO
DO MEL E AS TARDES DA TRUCA-TRUCA



A minha alcunha no bar é o Pascácio. No momento em que me encontro sentado, desfruta-se um cenário lordesco, bem ao bom estilo de Fellini. Um bar de rapidinhas, mas muito requintado, onde as personagens engatam à vez as prostitutas, pois são tão poucas que não se podem dar ao luxo de convidar uma para cada mesa. Quando o visito, lá no Porto, fico sentado a observá-los numa mesa de frente durante algum tempo. Gosto do espírito daquela gente. Apalpam a mulher que está a ganhar um alterno, coçam-lhe as mamas, passam-lhe a mão pelo traseiro… é uma morena trintona e boa como o milho, de ancas largas, que se está borrifando. Ratazana conta-me que um destes dias quem era o bombo da festa era um veado (gay) e as raparigas tinham gozado tanto com ele que, se os seus desejos quisessem ser realistas, teriam de o mostrar com uma boa colecção de pénis. É uma bela coisa ver o gozo transformar-se em calor. Là no Porto, funcionam umas variadas casas de passe, onde os compradores de sexo costumam ir. Cem euros pagos à entrada dão direito a uma bebida, à pensão e uma mulher nua e a gozar até se vir.  Mas aqui a clientela é toda composta por quarentões, indo até ao mais velho com oitenta e oito anos. Todos eles sabem o que querem, a moça debruçada sobre o barão do balcão é uma chavala reguila, com uma pele branca e lisa cobrindo as pernas e enchumaços sobre os peitos! Está irrequieta, pode-se-lhe pagar e, se o cliente pedir para lhe fazer um babado, ou para lhe dar umas palmadas no rabiote, ou outra coisa qualquer… tanto o seu trabalho, com o cliente, só terá a lucrar com isso.

Ratazana diz-me que tem sempre apresentado aos clientes boas miúdas… com uma única excepção. Daquela de que eu gostava, e via-me agora um tanto embaraçado. Uma prostituta chamada Tesouro da
Foda Boa… boa a sério, daquelas que até o nosso avô seria capaz de tocar uma segóvia na rua. Não é que eu não pudesse aguentar a sexualidade dela, ou garantir-lhe a renda, digo para Ratazana, mas estava constantemente a chegar mensagens para o telemóvel, que depois me enervaram. Isto leva-nos a um bate-papo sobre as mulheres com quem Ratazana já trabalhou, numa data ou noutra. O rol que ele apresenta deixa-me abananado, até que penso que está a falar a sério. Qualquer mulher, com quem um homem se tenha relacionado mais de uma vez, entra pró rol. Merda, digo, pondo em causa o meu envolvimento com uma delas na relação. Comi-a vezes sem conta, não comi? Gozei como um frade na cama. Cama e foda e uns eurositos, não lhe dava mais que isso. As tardes eram endiabradas; e além disso havia sempre os lanches de mel à volta da rata, com os batidos de banana, todas as semanas. Ratazana fica espantado ao saber que eu nunca comi uma prostituta do seu bar. Também eu me espanto por isso. Com todas aquelas lascas boas no Bar do Traidor, podia-se pensar que, uma vez pelo menos, teria tentado a abordagem a uma delas. Vem á baila o assunto das repetições e Ratazana é suficientemente perito na matéria para me dar lições sobre todas elas. Numa casa de putas nunca experimente nem as prostitutas nem as não prostitutas avisa-me ele. São agarradas, maliciosas e perigosas, mas entre os olhos é como se tivessem um foguete com o rastilho virado para a frente. Encarregam-se de qualquer tipo que apareça e tac! CHINFRIM! Da pesada, daquela que o despacha enquanto o diabo esfrega um olho, de nada valendo os seus esforços ou argumentos. O tipo de chinfrim das prostitutas ou não prostitutas, insiste Ratazana, é especialmente mortífero para os casados.

Tudo isto me parece conversa de bar, todavia a maneira como Ratazana fala é suficiente para me pôr fino e afastar-me para sempre desta gente. Então, depois de quase me ter feito ir duas vezes à casa de banho, Ratazana diz-me que conhece uma gajita porreira, sem qualquer perigo. Não é nenhuma pega, somente uma rapariguinha simpática que ele conhece e não há perigo de temer seja o que for. A vida dela é numa loja de bugigangas, uma dessas lojecas cheias de muita tralha, etc.; a rapariga atende os jovens reguilas que chegam à procura de uma futilidade qualquer para oferecer. Ratazana escreve o número do telefone num papel e entrega-mo. Vou ter de levar um ramo de rosas, só para manter as aparências, diz-me, mas tenho foda garantida, desde que não meta os pés pelas mãos. Ele sai do pé de mim… tem um cliente na sala que é habitué e vai ver se consegue que ele se oriente numa rapidinha, e regressa ao balcão.

«Veja como se porta, está bem, Sr. Pascácio?», - pede. «Prometi a esta minha amiga arranjar uma pessoa de bem… ela nunca o teve. Não tenha receio de ir arranjar mais problemas. Garanto-lhe que tudo vai correr pelo melhor.»

Com o pensamento em velocidade de cruzeiro, dirijo-me para o carro, para fazer uma viagem de uma hora até casa. Durante o trajecto mudei de ideias meia dúzia de vezes que acabei por alinhar com uma trenga que me deu um toque para o telemóvel extra. No Porto, um tempo houve em que passava quase todas as minhas tardes na galdérice. Durante umas semanas, andei doido com uma trenga, incapaz de me interessar por outras coisas. Ultrapassei essa fase, mas ainda gosto de trengas e esta é tão aferroada e tão trenga… carago, parece ser suficientemente estúpida para me arranjar problemas. Ratazana conseguiu realmente alertar-me com toda aquela conversa acerca do perigo das repetições. Esqueço-a e continuo a rolar. Nunca sei como estas coisas sucedem. Quanto estou a ficar com tesão, consigo meter lábia com qualquer mulher que encontre na rua, digo-lhe as coisas mais desconchavadas, sem pejo algum, mas entrar numa espelunca perfeitamente no meu estado normal e actuar no meu número…. é muita areia para a minha camioneta. Principalmente, quando vejo que a rapariga é uma dessas cabras esgazeadas e branca e fala um calão de bairro. Empurro a porta tão escaqueirada da casa da velha carcaça, no Porto. Lá dentro a trenga está à minha espera e faz-me um sinal com a mão. Não sei por onde é que devo começar, nem me passa pela cabeça do que lhe vou fazer. Admito, para mim mesmo, que ela é bem jeitosa e que a sua rebeldia iguala a sua beleza. Exibe-me tudo o que existe no seu painel corporal… Gosto do seu ar, especialmente da forma pouco vulgar com que o olhar se alonga e ergue o lábio superior. Bonitos lábios e esplêndido traseiro… coisa que não esperava por estes locais.

Tenho reparado que a maior parte das trengas que conheço dá a impressão de não terem cu, mas esta tem um olho magnífico. Contudo, não é por aí o tema para se iniciar uma conversa. Ouvir ventilado o nome de Ratazana por este sítio é normal. A maioria da gente que vem cá o conhece! Lembro-me vagamente, vêm tantos clientes a esta casa para uma rapidinha… Ela sorri e quer oferecer-me uma pastilha para mastigar… a dona da casa surge dos fundos da sala e sacode os lençóis sobre os nossos narizes… vai aviar um cabrito com eles. Digo à rapariga que não quero pastilha. A minha ideia era ir beber um Jameson a um lugar recatado perto dali. Mas ela aproxima-se de mim. Acaricia-me a cara! O calor aparece-me… fico de pau feito, como um nabo, enquanto ela entra numa porta para ir buscar umas toalhas… Regressa com uma mini-saia tão curta que a faz mais jeitosa que as próprias jeitosas e traz as toalhas debaixo do braço. Mantém uma pose graciosa… Avançamos pelo soalho com um à-vontade e em breve me sinto liberto…

Perguntas! Ela quer saber quem eu sou, como nasci desde pequenino. A curiosidade da minha vida profissional também vem à baila. No percebo muito bem o que é que ela quer saber, mas entretanto começa a falar de manicure. Há um pequeno salão, diz-me entusiasmadamente, onde ela obteve há pouco tempo uma vaga, uma possibilidade de inscrever-se e que terá que entrar com uma terça parte do seu valor… e refere uma quantia que corresponde ao meu ordenado, quase até aos últimos cêntimos. Fico de boca aberta. É óbvio que ela me quer levar no conto de prostituta e tenho a impressão de que ela quer que eu a ajude nesse projecto. Quando é que te vais inscrever, pergunto. Ah, então tudo se torna claro! Não é necessário fazê-lo já, diz-me… por isso, o dinheiro que ela arrecada, põe-no dobrado, em volta dos peitos, onde o seu contacto seco sobre a pele lhe confirma a presença. 


A inscrição deveria ser efectuada nunca antes do prazo da promoção… O conto torna-se interessante, assim que eu entendo as suas regras. Esta cachopa tem realmente imaginação na forma como explora o corpo. Mas pede uma massa alta! Começo a negociar com ela e, por alturas do quinto semáforo, chegamos a acordo: um terço do ordenado por três favores. Vou ter de cortar os extras, até ao próximo mês… Nunca paguei tão caro por um cu, mas esta gaja vale bem a pena. Não tenho a mínima dúvida de que tem um bom reportório, o mais variado possível, mas dentro do quarto em que nos encontrámos, murmura-me qualquer coisa que me soa como a suave aliança de um pacto… Botão de Rosa, traduz ela; então, passo a ser-lhe Fiel. Tudo isto cheira a merda cheirosa… Dou também o meu contributo para o número. Assim que tenho engalfinhado o seu corpo ao meu, mordo-a pelas costas abaixo e vou contornando as suas formas divinais. Em seguida, e quando ela se prepara para se exibir o botão de rosa, estendo as pernas em forma de bico para ela se agrupar. A cabra deve ter sido águia nas massagens, para me proporcionar um número de sexo como este. Com uma graça perversa, mantém as meias de lá e as botas de salto alto, após tudo o mais ter sido tirado. O brilho dos seus grandes olhos ressalta em confronto com o escuro onde está aninhada. Ela troca de posição, sobe um pouco a cabeça e oferece-se para gozação…

Tesouro da Foda Boa diz que se aborrece se eu a trair por outra… tem um breve sorriso quando lhe belisco as nádegas e lhe passo um dedo entre o rabo. Palra qualquer coisa em calão, que me soa a qualquer coisa obsceno. Nesta altura já mandei pró maneta os conselhos constantes de Ratazana. Aliás, com o tesão com que estou, mesmo que soubesse que ela me ia armar um escândalo, ia-lhe para cima dela… e depois esperava para contar um filme bem contado à patroa… mas o seu ardor é de uma potência tal, a cor tão rosada que é evidente que tudo está em conformidade… em seguida, puxa-me para ela e deixa-se ficar colada. Monto-a ali mesmo em cima dos lençóis a cheirar ao ferro, com uma almofada apanhada à pressa sob o meu ânus. Também não tiro as meias, nem os sapatos, com medo de apanhar um resfriado. Atiro-me a ela como um leão… uma gajita protestava contra tanta ferocidade, apalpadela, chupões, mas Tesouro da Foda Boa sorri e sujeita-se. Gosto de lhe apertar as nádegas com força? Muito bem, ela coloca-as nas minhas frentes. E se lhes ferro as pontas das orelhas com a boca… ela espeta-me as unhas para que continue. Ponho a minha mão sobre o seu sexo e puxo-lhe os bigodes e fico a sentir que é uma barbicha bem enrolada, a sua voz é um gemido contínuo… em obscenidades.

Ah! É uma profissional completa. Os clientes pagam bem este cardápio em que flutuam várias especialidades do prazer e ela sabe perfeitamente o que eles desejam. Olhando bem para ela, não saberia dizer se estava a fingir ou não. Mas o calor em volta do seu arredondado rabo atraiçoa-a. Agarra-me os braços para a frente e o cheiro a sexo sobrepõe-se ao desodorizante que ela usa. Ela geme e blasfeme, geme e blasfeme... Disseram-me, ou ouvi em qualquer parte, que as trengas avaliam uma rapidinha não por minutos, mas por horas. Quando falo nisto a Tesouro da Foda Boa ela fica-se a rir. Ficará toda a tarde, se eu assim quiser. Sinto sede e insinuo sair para ir tomar um caneco, mas Tesouro da Foda Boa pede-me para a deixar numa estação de táxis. Digo-lhe que sim; vestimo-nos e partimos para o carro.

Assim que avisto um táxi, despedimo-nos e Tesouro da Foda Boa passa a mão por cima das minhas pernas, e dá-me um beliscão na gaita… é uma gaja porreira, que não se importa de deixar um taxímetro aumentar para que eu tenha tempo para a morder… Depois de entrar na auto-estrada, engreno a quinta velocidade e viajo a pensar naquele presente maravilhoso! Recordo aquele monte de papéis no escritório com espera no despacho final, e rio-me. O mundo dos pequenos comerciantes está ficando um inferno… um homem tem de encontrar uma trenga para uma coisa tão simples como uma foda calma, normal. É uma tipa cinco estrelas. É uma grande coisa ter uma gaja que se blasfeme enquanto se está a fodê-la. E não é nenhuma puta! É, antes, uma artista da rapidinha. Tesouro da Foda Boa, oferece não só o seu ardor, mas também, os seus preciosos pratos… o facto de haver dinheiro envolvido é mero acaso. O dinheiro limita-se a pagar uma prestação de manicure… Tarde avançada, ainda fico mais alegre, por acção de um tema de Ratazana, No Banco do Jardim, ainda o ouço repetidas vezes, até que, me dou conta de que a portagem está à vista. Penso em Tesouro da Foda Boa, recordo aquela ideia do curso de manicure, e rio-me.